Campo Grande terá o primeiro núcleo de combate ao tráfico de drogas nas regiões fronteiriças, criado pelo Governo Federal, para aumentar a fiscalização nas áreas com os maiores índices de criminalidade do Brasil. A segurança nas fronteiras foi tema de audiência pública realizada no dia 2 de dezembro, na Assembleia Legislativa, que debateu as consequências da falta de fiscalização e investimentos pela União.
O estado de Mato Grosso do Sul possui 44 municípios em 1,5 mil quilômetros de fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), o município de Coronel Sapucaia, localizado a 390 km de Campo Grande, está entre as cidades mais violentas do país, com taxa de 102,31 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade está localizada na fronteira com o Paraguai e as mortes são ocasionadas, principalmente, pelo tráfico de drogas.
Para o conselheiro do Ministério das Relações Exteriores, Gabriel Boff, os altos índices de criminalidades ocorrem devido à rota de passagem do tráfico de drogas, localizada nas cidades de fronteira com o Paraguai e a Bolívia. “Fazemos parte de uma integração produtiva, de uma cadeia produtiva de criminalidade, que é uma cadeia mundial. É um tema também de política externa, da agenda internacional e que vem sendo tratado há muitos anos”.

O deputado estadual, Carlos Alberto David afirma que para aumentar a segurança nas fronteiras é preciso, além de uma ação mais efetiva da União e das Forças Federais, a colaboração dos países fronteiriços, para impedir que as armas e munições entrem no estado e que sejam enviadas para outros centros urbanos do Brasil e para o exterior. “Temos que trazer um novo componente para essa discussão que é a participação do Ministério das Relações Exteriores a fim de que possamos ter uma colaboração bilateral junto com os demais países que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul”.
Integração
De acordo com o artigo 144 da Constituição Federal brasileira, a segurança pública é dever do Estado, e direito de todo cidadão. Segundo o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Luiz Alexandre Gomes da Silva é preciso aumentar os investimentos para melhorar a segurança da população. “O Estado tem que estar em condições de se integrar e atuar no combate ao crime. O que nós precisamos é investir mais nas polícias, nos órgãos de sistema de segurança pública”.
Para o presidente do Idesf, Luciano Stremel é preciso que o país tenha como uma das prioridades o desenvolvimento social e econômico das fronteiras brasileiras. “A partir do momento que nós tivermos desenvolvimento econômico e social nessas áreas de fronteira, nós certamente não teremos a criminalidade. Porque onde o Estado se instaura, onde as empresas estão presentes, onde há mão de obra e pessoas trabalhando formalmente, o crime não consegue se instalar”.