ESPORTE

Projetos sociais utilizam esporte para reduzir criminalidade e prevenir trabalho infantil em bairros

Projetos atendem crianças e adolescentes em situação de risco social nos bairros Dom Antônio Barbosa, Alves Pereira e Jardim Seminário

Caroline Carvalho e Hélio Lima10/10/2017 - 15h21
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Os projetos sociais Asas do Futuro, União Guaicurus e Jovens Promessas oferecem oportunidades de lazer e educação para jovens em situalção de risco social, em bairros da periferia de Campo Grande (MS).  O objetivo das ações é prevenir o trabalho infantil e os atos infracionais cometidos por crianças e adolescentes em bairros com alto índice de criminalidade. Os projetos atuam nos bairros Dom Antônio Barbosa, na região do Parque Lageado,  Alves Pereira, na localidade do Anhanduzinho e Jardim Seminário, que fica na região do Segredo. O Asas do Futuro é realizado pela Associacão de Amigos do Bairro Dom Antonio Barbosa, e o União Guaicurus e o Jovens Promessas, em parceria com as Associações de Moradores dos respectivos bairros.

De acordo com assessora de imprensa da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp-MS), Regiane Ribeiro 113 jovens cumprem medidas socioeducativas nas Unidades de Internação (Unei’s) de Campo Grande. Segundo a assessora de imprensa, Nayara Chaves, o Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) instaurou 42 procedimentos investigatórios e ajuizou cinco ações civis públicas sobre a exploração do trabalho infantil entre janeiro e outubro deste ano. 

Jaqueline Teixeira, coordenadora do projeto (Hélio Lima)

Projeto Asas do Futuro atua no bairro Dom Antônio Barbosa, região que concentra população mais empobrecida e com os maiores índices de vulnerabilidade do município. De acordo com dados do Sistema Municipal de Indicadores Georreferenciados de Campo Grande (Sisgram), 94,11% das famílias da região do Parque do Lageado, onde está localizado o bairro Dom Antônio, possuem rendimento nominal mensal de até dois salários mínimos.

A coordenadora do projeto, Jaqueline Teixeira afirma que a iniciativa visa oferecer atividades de lazer e esporte para crianças e adolescentes da região, de forma a impedir que os jovens se aproximem da criminalidade. “O consumo de drogas começou a ser muito predominante aqui na região, assim como o crime organizado. E essa foi uma forma que encontramos que a criança não fique desocupada na rua, e acabe sendo adotada pelo crime organizado. Começamos com o futebol em 1998, e depois agregamos outras oficinas, como o Taekwondô e o balé”.

O assistente social Glauber Miranda, que também atua na instituição, destaca a importância dos programas sociais e educacionais para reduzir a criminalidade e a violência urbana, que, segundo ele, não devem ser combatidas apenas pela repressão policial. "Nos anos que a gente esteve aqui, a gente percebeu que a política da borracha, de só bater nos meninos e essa coisas não resolveu, então a gente criou o projeto Olhar do Futuro, que visa melhorar a qualidade de vida das famílias, para que crianças e adolescentes não tenham a venda de droga como a única alternativa para sobreviver”.  

A aposentada Marinez Silva de Oliveira, de 47 anos, tem dois netos que participam do projeto, e alternam as atividades da instituição com as do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “Antes, eles iam só no Cras, mas como lá não tinha muitas atividades, não tinha dança, um hip-hop, não tinha nada, eu resolvi deixar nos dois lugares. E antes disso ficavam só em casa, não tinham o que fazer. Então eu prefiro lá, porque é uma casa de apoio”. Ela explica que, além das aulas de esporte, o Centro oferece atividades de lazer e recreativas para as crianças beneficiadas, como como excursões para apresentações de teatro. 

O projeto União Guaicurus, no bairro Alves Pereira, oferece aulas semanais de futebol, zumba e caratê para cerca de 200 crianças de mais de dez bairros. O coordenador, Antônio Marcos Bogarin diz que revitalizou o campo de futebol do bairro para atender as crianças da região, considerada a mais populosa de Campo Grande. De acordo com dados do Sisgram, a região urbana Anhanduizinho, contemplada pelo projeto, possui 185,5 mil habitantes. O bairro Alves Pereira é o 14º mais populoso entre os 75 bairros do município, e possui 16,4 mil habitantes. 

Campo de futebol utilizado por alunos do projeto (Caroline Carvalho)

Segundo Bogarin, o projeto existe desde 2015 e se sustenta a partir de doações de moradores e  empresários da região. "Já existia o time de futebol desde 2008 e iniciamos o projeto com as aulas de Karatê e Zumba há dois anos. As aulas são feitas no Centro Comunitário do bairro e no campo de futebol que nós revitalizamos, porque antes aquela praça era só mato. A maioria das famílias que atendemos são bem carentes e não tem muita opção de lazer. Então a gente cuida para não irem para o caminho errado". 

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o acesso ao esporte, ao lazer e à convivência familiar e comunitária estão entre os direitos fundamentais da criança e do adolescente, e é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurá-los. 

O programa Jovens Promessas, na comunidade quilombola Tia Eva, existe desde 2009 e oferece aulas de "futsal" gratuitas para aproximadamente 80 crianças dos seis aos 16 anos de idade. De acordo com o coordenador, João Paulo Soares o projeto também tem o intuito de afastar jovens da criminalidade. “O nosso projeto tem o intuito de formar jovens de caráter, de responsabilidade. Além do futsal, a gente ajuda muito os pais, em termos de orientação, conversa, auxílio, principalmente em termos de escola. Conversamos muito com eles em respeito de drogas, até mesmo sobre, sobre violência familiar”.  

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