SOCIAL

Projetos sociais oferecem atendimento à famílias vulneráveis durante a pandemia em Campo Grande

Famílias vulneráveis buscam ajuda em projetos sociais de ONGs e do governo do estado como forma de diminuir os impactos da pandemia

Giovanna Silva, Mariely Barros e Patrick Rosel 2/05/2021 - 14h07
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Os projetos sociais "Sonho de Criança", "Fome de quê?" e a Central Única das Favelas (Cufa) se adaptaram às medidas restritivas da covid-19 para continuarem com os atendimentos durante a pandemia em Campo Grande. Os trabalhos realizados pelos projetos sociais são de caráter voluntário e fazem parte do terceiro setor da sociedade. O governo do Estado de Mato Grosso do Sul, neste ano, sancionou o programa "Mais Social" por meio da Lei nº 5.639, com o objetivo de ajudar famílias em situação de vulnerabilidade.

De acordo com o criador do projeto “Sonho de Criança” em Campo Grande, Milton Kruk a busca de famílias por atendimento e assistência cresceu na pandemia. “Tivemos um aumento de 100 famílias, por ser periferia e a maioria trabalhar como autônomos, muitos estão desempregados”. Ele  afirma que todos os cuidados precisam ser tomados para garantir a segurança das famílias assistidas, devido ao aumento na demanda dos trabalhos. Lilia Wider, de 40 anos, recebe doações do projeto “Sonho de Criança” há um ano e diz que em todas as ações os voluntários usam máscaras e as fornecem às pessoas. “Dentro das salas de doação ninguém entra sem máscara, eles não deixam, a fila tem o distanciamento certinho".

Lilia Wider tem depressão e antes de entrar no projeto estava desempregada a três anos, ela procurou ajuda quando não conseguiu ser incluída nos programas sociais do Governo Federal. “Eu passei muita necessidade, já tentei bolsa família e vale renda, mas não consegui”, ela e sua família recebem doações do projeto “eu agora consigo comer bem, mesmo as coisas do mercado estando caras”. Lilia Wider afirma que o projeto “Sonho de Criança” cumpre todos os cuidados necessários em relação à pandemia, “me sinto segura de ir nas ações, tento sempre ir sozinha para não levar mais gente e ajudar o pessoal nos cuidados".  

O projeto “Fome de quê?” atua há dez anos no atendimento às famílias socialmente vulneráveis. Para a coordenadora do projeto, Anabela Fabri o objetivo da ação é “levar cidadania, mostrar para as famílias quais são os direitos de um bom atendimento na UPA, bom atendimento na Defensoria e também levar a palavra de Deus”. O projeto, que atendeu 28 famílias e teve uma equipe de 22 voluntários, atualmente assiste 16 famílias e conta com 12 voluntários.

Segundo a coordenadora da Central Única das Favelas (Cufa) em Campo Grande, Letícia Polidorio o objetivo da organização não governamental (ONG) é assistir principalmente as mulheres periféricas, que segundo ela, são as que mais sofrem durante a pandemia. “Essas mulheres perderam o emprego, as escolas estão fechadas, se vai fazer uma diária não tem onde deixar seus filhos. Então, a gente faz essa parte de assistencialismo doando sacolão, gás, leite, pão, fralda, enfim”.

Pandemia

O projeto “Fome de quê?” prestava atendimento às famílias todos os sábados das 9h00 às 10h00 antes da pandemia. Segundo Anabela Fabri, os 10 anos de existência do projeto contribuíram para que o vínculo entre voluntário e assistido permanecesse no período de distanciamento social. “Com a pandemia, nós ficamos conversando com as famílias apenas por whatsapp e por exemplo, no dia das crianças nós levamos presentes, os voluntários mais jovens foram e entregaram com todo o cuidado para as famílias. No final do ano nós entregamos cestas básicas. A partir do momento em que uma família fala sobre algum problema, alguma necessidade, o projeto tenta assistir essa necessidade, mas nem sempre conseguimos”.

Anabela Fabri estuda a possibilidade do projeto voltar a ser presencial e fazer reuniões com duas famílias por vez. “Iriamos voltar aos trabalhos em março, no sábado em que iriamos voltar foi logo depois do carnaval e houve aquele boom pandêmico de novo, então continuamos a fazer as coisas pelo whatsapp. Há duas semanas, arrecadamos alimentos e entregamos uma cesta básica para cada família e temos visto assim, conversado por whats e tratado as famílias dessa maneira”. Para a coordenadora da Cufa, Letícia Polidorio, as principais dificuldades para realizar as ações durante o período de pandemia é conscientizar e sensibilizar o campo-grandense a doar e a dificuldade com que a informação chega nas periferiais. 

A Cufa realiza outras atividades além da doação de alimentos e de itens essenciais, segundo Letícia Polidorio existem vários projetos em atraso devido à pandemia. “Ano passado, mesmo com a pandemia e o distanciamento social, fizemos o “Favela Literária”, um evento de exposição de livros, poesias e textos de jovens pretos das periferias. Atualmente estamos com o projeto “Lideranças Femininas'', um documentário que está sendo exibido no Youtube da ONG. A gente vai trabalhando, fazendo um trabalho de formiguinha, a nossa ideia é não prejudicar a saúde pública por conta do colapso em que estamos, mas a nossa vontade era fazer oficinas, rodas de conversa, oferecer cursos, mas tudo depende de que estejamos vacinados né, a gente precisa vacinar”.

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