RECICLAGEM

Projeto transforma lixo em música

Crianças de quatro a 14 anos aprendem percussão com materiais recicláveis

Alessandra Marimom e Kiohara Schwaab17/11/2014 - 18h01
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O grupo Tamborlata, do projeto Asas do Futuro, localizado no bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande (MS), auxilia crianças em vulnerabilidade social ao transformar materiais recicláveis, como latas de tinta e cabos de vassoura, em instrumentos musicais de percussão.

De acordo com o professor responsável pelas aulas, Fabrício D’França, 27, a atividade musical auxilia no desenvolvimento da comunicação e interação social entre as crianças. “Platão já dizia que a música é o jeito de educar mais eficaz que existe, porque trabalha com atenção, coordenação motora e trabalho em grupo”. 

Os materiais para confeccionar os instrumentos são adquiridos por doações de voluntários. Segundo o professor, o que chama atenção das pessoas é o fato da ideia ser ecossustentável. “Muita gente vê essas latas de tinta, borrachas de pneu como algo descartável e nós transformamos em um instrumento”.

Fabrício D’França relata que pretende aprimorar suas técnicas de transformar lixo em instrumentos musicais. “Minha próxima ideia é confeccionar um contrabaixo com balde, pedaços de madeira e linhas de náilon”.

O grupo existe há três anos e é formado por crianças de quatro a 14 anos de idade, em situação de vulnerabilidade social. Após a idade máxima permitida, os alunos são direcionados a outras atividades como cursos de inglês e profissionalizantes. “A gente vai direcionando para o mercado de trabalho”.

A aluna Mikaelly Eduarda de Almeida, 13, afirma que a atividade tem ocupado boa parte do seu tempo e auxiliou na mudança de comportamento. “Depois que eu comecei a participar do projeto minha coordenação motora melhorou. Eu era mais agitada, bagunceira, rebelde e hoje em dia não sou mais tanto”.

O aluno Otávio da Silva Lima, 15, participa do grupo há quatro anos e acredita que o projeto proporciona melhorias tanto para as famílias quanto para o futuro das crianças. “É bom porque tira as crianças das ruas, e dos problemas familiares, porque tem muitos pais que não cuidam dos filhos e que deixam na rua. E aqui as crianças podem também ser músicos, artistas”.

Otávio Lima afirma, ainda, que passa maior parte do tempo no Tamborlata. “Antes do projeto eu ficava o dia inteiro na rua. Minha mãe brigava comigo porque eu voltava tarde para casa”. As mudanças no irmão, segundo Otávio, também são evidentes. “Meu irmão era muito respondão, batia em todo mundo e depois do projeto ele melhorou muito, não responde mais pra minha mãe e não briga com frequência”.

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