O professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Bruno Ferreira explica que pensar a mobilidade urbana de um local significa facilitar a organização e o trânsito de pessoas, com foco no planejamento do ambiente urbano. “Mas é claro que não se trata apenas da execução, mas da gestão de um projeto como esse, que no futuro pode gerar bons resultados para o comércio”. Ferreira acrescenta que o centro da cidade possui lojas específicas que o tornam um ambiente único para compras, com tendência a crescimento e movimentação ainda maiores, se bem aproveitado.
O projeto fechou a via para ônibus, o que modificou a localização do terminal da praça Ary Coelho para a rua Rui Barbosa. O novo local fica a 10 minutos de caminhada do anterior. O segurança Alex dos Santos comenta que a iluminação é precária, motivo de reclamações dos passageiros que fazem uso do transporte durante o período noturno.
Ponto de integração de transporte público foi inserido na Rui Barbosa (Foto: Evelyn Mendonça)
Comerciantes da área têm seus negócios diretamente afetados pela queda do movimento de pedestres e automóveis na região durante o período de obras. O proprietário de uma loja de eletrônicos, Ronaldo Hokana ressalva que não vê progresso na reforma. "Eles fazem hoje, e refazem amanhã. Parece que fazem a mesma coisa várias vezes, e nunca fica pronto". A lojista Lúcia de Estefanni afirma que é necessário limpar as vitrines três vezes por dia e reclama do barulho, da sujeira e da demora para a finalização da obra.
O dono de estacionamento, Hugo Grego aponta que muitas lojas fecharam e acredita que as pessoas diminuiram a ida ao centro para fazer compras. "Isso atrapalha demais os lojistas, o comerciante não aguenta. Aqui o movimento caiu uns 60%, mesmo com a diminuição de vagas para os automóveis nas ruas. O shopping tem ambiente climatizado, estacionamento anexo e um monte de opções de lojas, então já era a maior concorrência. Agora, com esta reforma, as pessoas pararam de vir ao centro".
Há 33 anos com loja no local, Lúcia de Estefanni acrescenta que é cedo para concluir se o projeto, depois de pronto, compensará os prejuízos causados ao seu negócio. "Tenho medo de não conseguir usufruir dos benefícios. Quando a obra estiver pronta, talvez eu não esteja mais aqui. Muitos já fecharam as portas".