As obras de construção, previstas para a primeira fase do projeto "Mercado Escola UFMS", acontecerão no primeiro semestre de 2017. O prédio terá três blocos e o primeiro a ser construído é o centro de comercialização de produtos da agricultura familiar. A previsão de inauguração é para o mês de dezembro deste ano. O Centro de Estudos e Comercialização da Produção Orgânica e Agroecológica da Agricultura Familiar em Mato Grosso do Sul, chamado de Mercado Escola, é uma ampliação da Feirinha Agroecológica, realizada pelo projeto de extensão Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ITCP/UFMS).
O projeto custará ao todo R$ 5 milhões e, destes, R$ 2 milhões são verbas de emendas parlamentares dos deputados federais José Orcírio Miranda dos Santos, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Vander Loubet (PT). O restante será proveniente do Governo do Estado e parceiros. As obras serão realizadas no estacionamento do Estádio Morenão, ao lado do ginásio Moreninho, no campus de Campo Grande da UFMS.
O centro terá espaço para comercialização, um anfiteatro para capacitação e local para os técnicos da Incubadora. A coordenadora do ITCP, Dalva Mírian Aveiro explica que o projeto de incubadoras de cooperativas populares é do Governo Federal e cada universidade pública escolhe a área que irá trabalhar. "Nós escolhemos agricultura familiar por conta de uma demanda de produção de alimentos. Hoje, 80% do que consumimos vem de outros estados, ou seja, apenas 20% do que comemos vem daqui do Estado, então existe esta demanda".

Dalva Mírian Aveiro explica que a Feirinha Agroecológica, implantada há seis anos, foi a primeira ação prática da Incubadora. "Esse contato com o público, que as famílias não tem no campo, eles tem aqui [na feira] e podem aperfeiçoar. A feira traz um diálogo, você compra e você sabe quem produziu, existe uma contextualização maior. O consumidor vai saber da onde vem o que ele está consumindo". A feira acontece todas as terças-feiras no Corredor Central da UFMS.
A coordenadora afirma que o grupo percebeu a necessidade de ampliar o projeto. "Começamos a perceber que só a feirinha não seria adequada para que a gente conseguisse atingir outro público que não o acadêmico e as pessoas que passam pelo Corredor Central. Aí veio a ideia de um espaço permanente de comercialização que fosse também um centro de estudos, além de laboratórios de análises destes produtos e de controle de qualidade para dar garantia que a instituição tem dados científicos que comprovam, através dos laudos, a origem do produto".
O estudante de engenharia de Produção da UFMS, Luan de Carvalho faz parte do projeto desde outubro de 2006. Atualmente, é o coordenador discente da Feirinha Agroecológica. O estudante ressalta que o projeto é importante para sua vida acadêmica e profissional. "Ele traz o vínculo de toda a cadeia de abastecimento, desde o produtor até o consumidor final. Meu papel como acadêmico neste processo é trazer meu conhecimento adquirido na Academia e ensinar eles a trabalhar em um projeto maior, como o Mercado Escola".
A agricultora e feirante Ilda dos Santos afirma que está animada com o novo projeto. "Para mim, está sendo uma felicidade muito grande porque um professor foi lá na minha fazenda e deu curso para trabalhar com a bocaiúva, depois disso eu fiquei capengando, vendendo na rua os meus produtos. Hoje, to aqui com meu carro chefe, que é a bocaiúva, e não saio mais". Ilda dos Santos também afirma que o Mercado Escola vai atrair mais pessoas. "Vai ser bom não só pra mim quanto para todo mundo, acho que o público vai ser maior, a divulgação vai ser maior, acho que até gente de fora do Brasil vai vir". A UFMS será a primeira do Brasil a ter este modelo de centro de estudos.
No dia 30 de janeiro, a universidade realizou uma cerimônia de consolidação do projeto e teve a presença do deputado federal José Orcírio Miranda dos Santos, do Partido dos Trabalhadores (PT), e prefeitos de cidades do interior que são parceiros do projeto. Durante o evento, o deputado afirmou que o investimento é estratégico para um país melhor. "É impossível pensar em um Brasil justo, solidário e humano convivendo com enormes extensões de terras de latifúndio".