COMPORTAMENTO

Mensagens falsas se espalham nas redes sociais

O crime virtual tem crescido devido ao anonimato e à impunidade

Erika Rodrigues e Gisllane Leite 4/05/2015 - 15h55
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Mensagem que circulou nas redes sociais e nos grupos de WhatsApp assustou a população de Campo Grande no dia 24 de abril. A mensagem era que a facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital, PCC, promoveria um “toque de terror” na cidade. O texto "Está previsto para hoje à noite um toque de terror em Campo Grande. Bairros anache, nova lima, los angeles, Noroeste, centro, Pedrossian. Mataram agora pela manhã irmão de um integrante do pcc, o próprio meliante avisou para a polícia que vai matar policiais, estudantes, tocar fogo em carros, hoje à noite!!! Portanto compartilhem e não saiam de casa!!!" causou sensação de insegurança, principalmente nos prováveis locais de ataque. A vendedora Vera Lúcia Gomes relatou  que “fiquei com muito medo e em seguida comecei a propalar essas informações para parentes e amigos, como forma de defesa a esse mal.”

Segundo o delegado de Polícia Civil, Wellington de Oliveira, a mensagem não passava de uma brincadeira, que circulou em outros Estados e foi desmentida pela Policia. Ele afirmou que nas redes sociais as pessoas não checam as informações e isso provoca difusão desse tipo de material. Para que isso não aconteça, é necessário antes de compartilhar essas informações certificar se as fontes são confiáveis e ter cautela para não se tornar vítima. 

Para a bacharel em Direito, Ana Paula Gonzales, as pessoas devem selecionar as informações que recebem nas redes sociais. “Quando eu vejo alguma notícia, eu tento verificar nos sites apropriados do assunto. Tento sempre ver a veracidade, eu pesquiso, faço uma pesquisa. Prefiro sites de notícia para me informar.”

Segundo o especialista em segurança da informação da Polícia Civil, Michel Neves, ainda não existe em Mato Grosso do Sul uma delegacia especializada em crimes virtuais. Ele afirma que no caso de crimes na internet, a pessoa pode procurar qualquer delegacia. E ressalvou ainda que hoje, a Internet é bem mais acessível e, consequentemente, aumenta o numero de ocorrências. “Temos crimes de difamação, injúria, exposição sexual”.

A psicóloga e psicanalista Jackeline Martini Piell explica que "a psicanálise freudiana compreende o ser humano como um ser inserido no social, possui uma realidade psíquica que podemos chamar de realidade interna, que está em constante interação com o externo, o social". Ela diz que hoje o ser humano por sua tendência de fazer alianças precisa sentir se faz parte do que ocorre. "Quando fazemos parte de uma rede, temos a sensação de sermos parte de uma comunidade. As redes sociais entram nessa lacuna".

Segundo Dra. Jackeline Piell, as pessoas sentem necessidade de inserção no grupo social, “se os meus compartilham algo, eu preciso ser parte. E o que me importa nesse momento não é a veracidade e sim estar integrado". Jackeline Piell destaca que "isso certamente traz risco ao processo de individualização, corre-se um serio risco de deixar de existir enquanto sujeito".

Prevenção

A Lei de Crimes Virtuais e o Marco Civil da Internet foram criados para regulamentar direitos e deveres dos internautas e preveem  punições para quem comete crimes digitais.   No Brasil,  páginas como boatos.org, e-farsas e quatrocantos tem objetivo de desmentir notícias falsas, chamadas hoax,  publicadas na internet. O delegado Wellingon Oliveira fala sobre as mudanças que devem ocorrer para evitar este tipo de crime.

 

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