Pesquisa realizada pela Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados em Mato Grosso do Sul encontrou 32 agrotóxicos na água do Rio Dourados, rio que é responsável por 50% do abastecimento da cidade. Apenas três têm Valor Máximo Permitido (VMP) estabelecidos na lesgilação. No total 46 agrotóxicos foram selecionados para análise com base no uso dos agricultores da região.
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) número 357 de 2005 regula o VMP dos agrotóxicos em águas superficiais, que é diferente da água potável. Somente os agrotóxicos Atrazina, Alacloro e Simazina são previstos na resolução. O agrotóxico de maior frequência e concentração na pesquisa divulgada foi a Atrazina, com 0,13 μ/L (micrograma por litro), a legislação prevê o valor máximo de 2,0 μ/L.
O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, Rômulo Penna Scorza Júnior concluiu que a legislação precisa ser modernizada. “Os outros 29 agrotóxicos necessitam urgentemente do VPM estabelecido na legislação, tem 16 anos que ela não é reformulada”. Ele relata que pretende expandir o local de pesquisa, avaliar outros rios de Mato Grosso do Sul e acrescentar mais agrotóxicos para o monitoramento.
Pesquisa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) coloca Mato Grosso do Sul na quinta posição entre os estados com a maior produção de grãos do país. Foram 19,9 milhões de toneladas de soja e milho produzidos na safra de 2020. Segundo a doutora em Restauração Ambiental Alexandra Penedo a produção em larga escala pode colaborar com a contaminação do meio ambiente. “É preocupante porque, com uma grande quantidade de produção, vem também uma quantidade maior de agrotóxicos, e assim a possibilidade de contaminação também cresce”. Para Alexandra Penedo, existem medidas alternativas de menor impacto ao meio ambiente. “A agrofloresta e agroecologia usam os atributos do próprio ecossistema para controlar ou até mesmo deixar que essas 'pragas' sejam presentes na produção”.
Agricultura sustentável
A agricultora e engenheira agrônoma Daniele Coelho Marques trocou a agricultura convencional pela produção agroecológica há oito meses. O cultivo de frutas, verduras e legumes é mantido por práticas sustentáveis sem o uso de produtos químicos e agrotóxicos. Uma das alternativas encontradas pela agricultora foi a utilização de adubos naturais.