O professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Aparecido Francisco dos Reis explica que associar a crise econômica ao aumento do número de roubos é uma afirmação comum e que os dois fatores excluem uma relação de causa e efeito. "Você vai encontrar países pobres onde os casos de furtos e roubos é muito baixo, como a Índia, pois neste caso a religião funciona como um impeditivo para esses acontecimentos". Ele afirma que em Campo Grande as ocorrências de roubos são altas em comparação a outras cidades do país, e no período em que o Brasil cresceu economicamente, os registros de denúncias de roubos continuou elevado.
Reis diz que o principal motivo do aumento dos números apresentados nos dados é consequência da necessidade material das pessoas. "As pessoas não conseguem adquirir os produtos que elas necessitam, no entanto, eles estão expostos para serem consumidos e comercializados, e isto cria a possibilidade de que o cidadão obtenha de forma primitiva, ou seja, cometendo delitos".
Para ele, a população do Brasil não compreende a diferença entre propriedade pública e privada e esta incompreensão está presente em todas as classes sociais. De acordo com Reis, é um sistema em que alguém obtém vantagens, por meio de infrações, sob outra pessoa ou classe. "No Brasil, não tem aquela noção de que o que é público é um bem de todos e não de uma certa classe social".
Fronteira
Para o secretário da Sejusp, José Carlos Barbosa, a fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia e o Paraguai é outro motivo para o aumento do número de roubos. Ele afirmou, durante audiência pública na Assembleia Legislativa sobre a violência na fronteira, no dia 2 de dezembro, que crimes como contrabando e tráfico de drogas, influenciam no aumento do número de roubos e é uma desvantagem do estado em relação a outros, uma vez que cerca de 50% dos 15.600 presos são oriundos de crimes comuns na fronteira, como tráfico de drogas e contrabando.
Fonte: Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul
Capital
A sub-Comandante da Guarda Municipal de Campo Grande, Mariza Alves de Souza afirma que as regiões da capital que mais têm ocorrências são os bairros Anhanduizinho e Segredo. Ela ressalta os cuidados que as pessoas devem ter ao andar na rua como, por exemplo, bolsas fechadas e celulares e outros aparelhos guardados. Segundo Mariza Alves, os roubos de celulares também acontecem dentro das lojas.
De acordo com ela, o número de roubos de celular pode até ser maior do que o divulgado. “Como é uma coisa que hoje em dia é muito acessível, muitas pessoas não registram a ocorrência porque acreditam que não vai dar em nada”. O estudante Lucas Machado foi assaltado e preferiu não fazer o boletim de ocorrência. "Em outros casos já procurei a polícia e não adiantou. A polícia só resolveria o problema se algo mais grave, como um carro, tivesse sido roubado".

Fonte: Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul
O titular da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), Enilton Zalla, afirma que roubos de smartphones e furtos de objetos no interior de veículos são as ocorrências mais comuns denunciadas na delegacia. Ele diz que as vitimas facilitam o crime e desaconselha deixar qualquer objeto dentro do veículo. "Eles verificam se a mulher desce ou não com a bolsa, se não desceu coma bolsa, então eles concluem que ela deixou no carro". Ele ressalta que os bandidos possuem lanternas para procurar objetos escondidos no automóvel.
Zalla informa que a área central da cidade é onde acontece o maior número de roubos e furtos e que os bairros mais violentos da cidades são o Nova Lima, Aero Rancho e Los Angeles.