No estado de Mato Grosso do Sul foram registrados 79 casos de estupro até o último domingo, 29, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Em média, ocorreram dois casos por dia. Do total, 24 aconteceram em Campo Grande e 55 nas cidades do interior. Os dados também revelam que, no ano passado, foram contabilizados 1.372 registros da violência em todo o estado.
A redução de 11% nos registros de vitimas de estupro em Campo Grande mostra que os índices da criminalidade ainda são altos. De acordo com a delegada Ariene Murad, a Casa da Mulher Brasileira, que oferece atendimento às vitimas de violência doméstica, contabilizou 111 ocorrências em 2015 e, em 2016, 99 mulheres sofreram este tipo de abuso.
A defensora pública do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), Edmeiry Silara Broch explica que de 23 a 25% dos casos de estupro são cometidos dentro do ambiente familiar e 30% são realizados por parentes ou amigos da vítima. “Os casos são semelhantes, acredito que é em razão da cultura do estupro, da cultura machista em que ainda infelizmente vivemos na nossa sociedade”.
Edmeiry Silara afirma que falta atendimento especializado às mulheres que moram no interior do estado. Para a defensora, é preciso acolher estas vítimas. “A mulher muitas vezes é questionada por acharem que ela está mentindo. Faz parte de toda a cultura do estupro. É preciso educar a população para ensinarmos os meninos a entender que há a necessidade do consentimento da mulher”.
Caso recente
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) prendeu no último dia 25, Rafael de Souza Leite, de 25 anos, acusado de abusar sexualmente de 12 mulheres em Campo Grande. De acordo com a investigadora Wanuza Macedo, o primeiro caso de estupro cometido por Rafael de Souza foi registrado em 2015. A investigadora afirmou que as vítimas tinham entre 18 e 25 anos. "Ele abordava as vítimas geralmente quando elas estavam sozinhas no ponto de ônibus. Ele ameaçava as mulheres para que elas ficassem com medo e não o denunciassem para a polícia".
A delegada Priscila Anuda informou que, das 12 vítimas, cinco procuraram a Deam para reconhecimento do acusado. Ela ressalta a importância de encontrar as vítimas e identificá-las. "É preciso conscientizar as mulheres para que não demorem para denunciar o estuprador, porque quanto mais cedo elas denunciarem, poderemos realizar exames e dar o coquetel de remédios que evita a gravidez e o HIV".