INCÊNDIO

Mato Grosso do Sul é o terceiro no ranking brasileiro de incêndios por curto-circuito

Pesquisa divulgada pela Abracopel aponta que o estado tem 38 casos e quatro mortes em decorrência de incêndios de origem elétrica

Fernanda Venditte, Julia Renó e Mara Machado27/08/2018 - 00h14
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Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com a maior porcentagem de incêndios por curto-circuito do Brasil, segundo o Anuário Estatístico da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos de Eletricidade (Abracopel). De acordo com o documento, o estado teve 38 casos e quatro vítimas fatais em incêndios elétricos, atrás apenas de São Paulo e Paraná. Entre 2013 e 2017 os acidentes de origem elétrica aumentaram 33,6% no Brasil. Fazem parte dessa estatística choques elétricos, incêndios por curto-circuito e descargas elétricas.

De acordo com o engenheiro eletricista Ruben Godoy, o aumento da quantidade de equipamentos eletrônicos relacionado à falta de manutenção das instalações, "pode ser a causa desses acidentes elétricos". Godoy ressalta que  “se não tem proteção, ou se a proteção é sobre dimensionada de forma inapropriada, o número de equipamentos se torna um problema”.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o uso de eletrônicos é cada vez mais comum nos domicílios brasileiros. Constatou-se que 97,2% das residências tinham televisão, além disso, 45,3% possuíam microcomputador e em 92,6% dos domicílios havia presença de telefone celular.

A atenção ao projeto de edificação é um ponto destacado pelo engenheiro. Segundo o especialista, é necessário ter cautela ao conectar aparelhos em "benjamins" (dispositivo elétrico usado para multiplicar os espaços para a conexão de plugs em tomadas), outros tipos de adaptadores e réguas extensoras. “Tomadas de uso geral têm uma potência limite, se colocar um monte de equipamento o disjuntor que está devidamente dimensionado desliga. Além disso, é muito importante dispensar medidas para que o disjuntor deixe de atuar e a substituição por outro aparelho de potência maior sem consultar toda a fiação elétrica".

Segundo o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, Marcos Meza, de janeiro a julho de 2018, foram constatados 427 incêndios em edificações, uma média de dois incêndios por dia. O tenente aponta que grande parte tem origem elétrica, principalmente pelo descaso com a fiação e pela falta de planejamento na instalação de novos aparelhos. “Isso aquece a fiação, derrete os cabos, derrete aquela capa protetora do condutor, causa um curto-circuito e tem causado incêndio”.

Em 2017, um incêndio elétrico atingiu a sede da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab-MS). De acordo com o diretor-presidente nesse período, Wilton Acosta o incêndio teve início no aparelho de ar condicionado, a fiação antiga estava fragilizada para suportar o equipamento. “Estava todo derretido e aquilo ocasionou todo o incêndio do prédio. O fogo atingiu a mesa e o incêndio se alastrou”. O ar condicionado foi colocado após a locação do prédio e não havia um laudo ou qualquer conhecimento prévio sobre as condições elétricas do local.

O engenheiro Godoy ressalta que a manutenção do circuito das edificações e dos equipamentos é fundamental para evitar acidentes. “Em primeiro plano, qualquer circuito deve estar devidamente protegido. Você tem que ter manutenção, tanto no sentido de não permitir o desgaste desses condutores, desses equipamentos, quanto você tem que ter também manutenção dos elementos de proteção de um circuito”.

Ainda de acordo com o engenheiro, o desarmamento dos disjuntores, fios que apresentem algum tipo de violação ou pontos de tomada danificados, são importantes indicativos de que algo está errado. Nesses casos, é necessário buscar um profissional eletricista, um técnico ou mesmo um engenheiro eletricista para realizar a manutenção e prevenir acidentes. 

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