Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com a maior porcentagem de incêndios por curto-circuito do Brasil, segundo o Anuário Estatístico da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos de Eletricidade (Abracopel). De acordo com o documento, o estado teve 38 casos e quatro vítimas fatais em incêndios elétricos, atrás apenas de São Paulo e Paraná. Entre 2013 e 2017 os acidentes de origem elétrica aumentaram 33,6% no Brasil. Fazem parte dessa estatística choques elétricos, incêndios por curto-circuito e descargas elétricas.
De acordo com o engenheiro eletricista Ruben Godoy, o aumento da quantidade de equipamentos eletrônicos relacionado à falta de manutenção das instalações, "pode ser a causa desses acidentes elétricos". Godoy ressalta que “se não tem proteção, ou se a proteção é sobre dimensionada de forma inapropriada, o número de equipamentos se torna um problema”.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o uso de eletrônicos é cada vez mais comum nos domicílios brasileiros. Constatou-se que 97,2% das residências tinham televisão, além disso, 45,3% possuíam microcomputador e em 92,6% dos domicílios havia presença de telefone celular.
A atenção ao projeto de edificação é um ponto destacado pelo engenheiro. Segundo o especialista, é necessário ter cautela ao conectar aparelhos em "benjamins" (dispositivo elétrico usado para multiplicar os espaços para a conexão de plugs em tomadas), outros tipos de adaptadores e réguas extensoras. “Tomadas de uso geral têm uma potência limite, se colocar um monte de equipamento o disjuntor que está devidamente dimensionado desliga. Além disso, é muito importante dispensar medidas para que o disjuntor deixe de atuar e a substituição por outro aparelho de potência maior sem consultar toda a fiação elétrica".
Segundo o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, Marcos Meza, de janeiro a julho de 2018, foram constatados 427 incêndios em edificações, uma média de dois incêndios por dia. O tenente aponta que grande parte tem origem elétrica, principalmente pelo descaso com a fiação e pela falta de planejamento na instalação de novos aparelhos. “Isso aquece a fiação, derrete os cabos, derrete aquela capa protetora do condutor, causa um curto-circuito e tem causado incêndio”.