POLICIA CIVIL

Policiais civis suspendem acampamento

Manifestação dos policiais civis suspensa por 30 dias busca o cumprimento dos acordos prometidos à categoria

Estevan Oelke, Helton Oliveira e Vitor Ilis17/07/2017 - 15h24
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Os policiais civis de Mato Grosso do Sul acamparam durante 38 dias em frente ao prédio da sede do governo de Mato Grosso do Sul, localizada no Parque dos Poderes, em Campo Grande, em manifestação contra o governo do estado. O protesto, que durou de 7 de junho a 15 de julho e suspenso temporariamente, foi devido ao não cumprimento dos compromissos firmados pelo governador Reinaldo Azamuja (PSDB), como a valorização e reestruturação de cargos, carreira e promoções, e um aumento salarial, para colocar a categoria entre um dos seis maiores do país.

Durante a campanha eleitoral para governador em 2014, Azambuja assinou uma carta de compromisso que garante valorização para os policiais civis. Dois anos depois, este acordo foi reforçado por meio de documento assinado pelo secretário de Estado de Administração e Desburocratização, Carlos Alberto Assis, e o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.

 
Carta de compromisso assinada pelo governador e pelos seus secretários (Foto: Vitor Ilis)

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol-MS), Giancarlo Miranda, o prazo pedido pelo governo para o cumprimento dos compromissos foi dia 31 de maio de 2017. Sete dias depois, os policiais civis montaram um acampamento após assembleia dos membros filiados.  

O modelo de trabalho

Para atender a população, existem as Delegacias de Pronto Atendimento Comunitário (Depac), que funcionam, em média, com quatro agentes, um delegado e um escrivão de plantão, e registram aproximadamente 100 ocorrências diárias em cada unidade. Miranda revela que as Delegacias de Polícia (DP) fazem um atendimento básico e salienta que o ideal seria que cada delegacia tivesse plantão de atendimento, para que não centralizasse em cada Depac. Ele também relata a falta de policiais e estrutura, como viaturas e algemas. O presidente do Sinpol-MS ressalta que os policiais desejam um modelo de trabalho ágil e moderno. Uma polícia que seja capaz de atender uma ocorrência na hora que ela acontece.

Medidas do Governo

O governador Reinaldo Azambuja se reuniu no dia 3 de julho com representantes de 39 sindicatos de categorias diferentes de servidores estaduais para tratar de reajustes salariais. Os secretários Carlos Alberto Assis e Eduardo Riedel estiveram presentes nesta reunião. A pauta central do encontro foi propor um reajuste linear de 2,94% a partir de setembro com impacto de R$ 11 milhões na folha de pagamento, destinado a cerca de 75 mil servidores estaduais ativos e inativos.

O último reajuste salarial que os policiais civis receberam foi durante a administração do ex-governador André Puccinelli, em dezembro de 2014, decorrido de uma greve realizada em 2013.

Concurso da Policia Civil

Neste ano será realizado um concurso da Policia Civil com 30 cargos para Delegado e 180 vagas para agentes de polícia, de escrivãos a investigadores. O presidente do Sindicato alega que a solicitação para realizar o concurso foi iniciativa do Sinpol em 2015, após a morte de um policial em serviço.

A falta de estrutura

O ex-presidente do Sinpol-MS, Alexandre Barbosa afirma que o acampamento serviu para mostrar a manifestação dos policiais para a sociedade. Ele relata que falta uma estrutura adequada para o trabalho nas delegacias, que estão abandonadas e sem manutenção.

Recepção da Depac Centro (Foto: Hélton Oliveira)

Barbosa diz que o Sistema Integrado de Gestão Operacional (SIGO), usado para o registro de boletins de ocorrência nas delegacias, muitas vezes para de funcionar e, por isso e pela falta de policiais, as pessoas esperam muito tempo para o atendimento.

Outro problema é o acúmulo de presos nos feriados e finais de semana, que são encaminhados para as Depacs. Uma cela que tem capacidade para quatro presos, abriga cerca de 30. Segundo Alexandre Barbosa, todos os problemas citados, em muitas ocasiões, faz com que o serviço se torne estressante.

A estrutura na prática

O assistente técnico Renan Vincenzi teve sua moto roubada no dia 6 de junho. Ele trabalha em um escritório, localizado na rua General Odorico Quadros, quando saiu por volta das 19h30 e percebeu que sua moto havia desaparecido. Vincenzi se dirigiu até o Depac Centro para registrar o boletim de ocorrência. Ao chegar na delegacia, foi o terceiro a ser atendido, cerca de 10 minutos após sua chegada. Vincenzi registrou em documento o desaparecimento de seu veículo. Sua moto continua desaparecida.

O assistente técnico observou que a estrutura da Depac era precária, com computadores velhos e algumas poltronas sem braço.

O resultado do acampamento

Em outra reunião realizada entre o Sindicato e os secretários do Governo, decidiram a suspensão temporária do acampamento  por 30 dias, prazo que o Estado tem para encaminhar o projeto que altera o sistema de promoções para a Assembleia Legislativa. Caso não haja acordo durante esse prazo, o acampamento retornará.

 

Apoio parlamentar

O deputado estadual Mauricio Picarelli (PSDB) esteve no dia 6 de julho no acampamento para demonstrar apoio à manifestação dos policiais civis. Segundo ele, os parlamentares devem trabalhar com o Governo do Estado para que a população tenha uma polícia mais estruturada e qualificada.

 

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