Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) divulgada nesta segunda-feira, 30 mostra que em Mato Grosso do Sul de cada dez mortes, uma foi violenta. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil e mostram que em 2014 foram 14.718 óbitos no total e 1.596 classificados como causas violentas, o que representa 10,84% do total. O órgão considera como violentas as mortes provocadas por homicídios, afogamentos, suicídios, acidentes de trânsito.
Em relação a 2013 houve um aumento de 0,31% neste índice. A maioria das vítimas deste tipo de morte no Estado foram homens, 1.319 casos, que representam 82,64% do total. O comandante do Policiamento Metropolitano em Campo Grande, coronel Francisco Ovelar, fala que a maior parte das vítimas de homicídios é do sexo masculino, pois são casos relacionado às drogas. "A pessoa é usuário, ele tem uma dívida no local em que adquiriu a droga e não tem como pagá-la. Sabendo disso, esta pessoa tenta se esconder e é morta pelos traficantes".
O coronel explica que a violência doméstica representa alto índice de morte entre mulheres. "Nós temos os crimes em que pessoas, por não se contentarem com a separação, matam as suas companheiras. Só que este é um crime que a Polícia Militar não tem como prevenir, pois ele acontece dentro dos lares. Muitas vezes as pessoas não relatam estes casos à Polícia, bem como se separam e com uma falsa promessa voltam a conviver, mas se o homem foi violento da primeira vez, continuará sendo violento".
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp) divulgou no dia 27 de novembro, que este foi o mês mais violento do ano, com 15 mortes. Segundo dados da Sejusp de um de janeiro a três de dezembro deste ano, foram 201 tentativas de homicídio doloso, 104 homicídios dolosos, um homicídio culposo, 1515 casos de violência doméstica e 3052 lesões corporais dolosas.
Para o presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Adelaido Vila houve um aumento da criminalidade na Capital nos últimos anos. "O policiamento ostensivo realizado pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal no Centro nos garante uma certa sensação de segurança. No entanto, a investigação, a busca dos responsáveis pelos crimes está tendo falhas. A polícia investigativa não suporta a demanda das rua. O efetivo policial não acompanhou o crescimento da população".
A cuidadora de crianças, Maria Paulina da Silva mora no bairro Terra Morena e diz que se preocupa com os índices de violência. "O meu bairro faz divisa com o Los Angeles, que é muito perigoso.Tenho medo de ficar nos pontos e terminais de ônibus, ocorre muita violência. O problema dos bairros é que não há policiamento, você não vê ronda, nem policiais atuando".
A doméstica Celina Machado foi assaltada quando chegava em casa e revela que teve muito medo. "Ele colocou o revólver no meu ouvido. Me falou para passar a bolsa e que iria atirar caso eu gritasse. Eu falei para ele que podia levar. Depois disso nunca mais saí a noite, às vezes tenho vontade de ir à igreja, mas não vou mais em nenhum lugar sozinha. Quem já foi assaltado com violência fica com trauma, você pensa que poderia ter morrido".


Polícia considera violenta as mortes por homicídios, afogamentos, suicídios e acidentes de - (Foto: Gisllane Leite)




