A Divisão de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos de Campo Grande (Sisep) iniciou a instalação de lâmpadas de light emitting diode (Led) em vias localizadas nas saídas da cidade. De acordo com edital publicado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, serão instaladas 46.250 lâmpadas com esta tecnologia, que substitui os equipamentos de iluminação a vapor de sódio. Segundo o contrato estabelecido pela Sisep, aproximadamente seis milhões de reais serão investidos no processo de instalação, que seguirá até maio de 2020.
O engenheiro Eletricista Gabriel Correia explica que existem dois tipos de luminárias utilizadas na iluminação pública, a de vapor de sódio ou metálico e a tecnologia Led. Segundo Correia, a lâmpada de Led diminui, em até cinco vezes, o consumo de energia elétrica. “Só tem benefícios. Elas são mais econômicas, porque a potência é menor e produzem a mesma luminosidade”.
Correia afirma que as luminárias a vapor de sódio precisam de maior energia para serem acionadas. De acordo com o engenheiro Eletricista, este tipo de luminária usada em poste de iluminação pública utiliza equipamento auxiliar denominado reator, que eleva o custo da energia, devido à potência necessária para o funcionamento. “Todo custo de instalação, como cabo, sistemas de proteção, são maiores justamente porque a potência das luminárias de vapor é maior que a potência das luminárias de Led”.
As instalações começaram nas avenidas Gury Marques, saída para São Paulo-SP; Cônsul Assaf Trad, saída para Cuiabá-MT; Euler de Azevedo, saída para Rochedo-MS, entre as rotatórias das avenidas Tamandaré e Presidente Vargas. As instalações na Euler de Azevedo foram finalizadas e receberam 50 luminárias públicas, cada uma com seis lâmpadas de Led de 300 watts.

A estudante do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Izadora Acosta Cassimiro mora no bairro Vila Nossa Senhora das Graças, nas proximidades da avenida Euler de Azevedo. A acadêmica faz o trajeto pela avenida todos os dias para ir à faculdade. Ela relata que o bairro era escuro antes da instalação das lâmpadas. “Próximo à rotatória, as lâmpadas estavam queimadas, era muito perigoso, até porque lá é uma região bem parada. Próximo dali também tem uma mata, não tem só risco para as pessoas, mas também de aparecer animais na pista. Melhorou muito, antes nem tinha iluminação em um trecho e, agora, a luminância desta nova instalação é bem melhor”.
O gerente da Divisão de Iluminação Pública da Sisep, Elionei Francisco afirma que, atualmente, Campo Grande possui 18 mil lâmpadas de Led e que 62% da iluminação pública terá esta tecnologia em 2020. Segundo ele, a iluminação é mais clara por meio do Led, o que proporciona segurança aos moradores. “Auxilia na segurança do local, e também consome menos energia elétrica, diminuindo na queima de equipamentos e o valor a ser pago a Energisa”. A Sisep é responsável por garantir a manutenção e reparação da iluminação pública ou a substituição de lâmpadas que envolvem a rede de energia elétrica municipal.
O professor e pesquisador em Geografia e Política da UFMS, Marcelino Gonçalves explica que a iluminação pública de qualidade é essencial para o desenvolvimento de atividades básicas da população. “Quando a gente pensa em iluminação pública e segurança na maior parte das vezes você está imaginando elementos que permitam as pessoas a exercerem suas atividades básicas, como se deslocar de um espaço ao outro em segurança”. Ele ressalta que, principalmente nos bairros de periferia, a iluminação é para garantir a segurança pública, essencialmente de mulheres. “Em uma sociedade machista que a gente vive, uma mulher pegar um ônibus para ir ao trabalho de manhã na escuridão ou até voltar do trabalho representa um risco a vida dela”.
Gonçalves afirma que a iluminação também afeta o espaço e tempo de lazer da população. “Se não houver iluminação, não é nem uma questão do medo de ser atacado por um outro indivíduo, mas também como chegar até esses espaços públicos à noite se eles não recebem nenhum tipo de iluminação”.
De acordo com o pesquisador, o investimento do poder público nas áreas periféricas da cidade envolve logística de como este espaço é desenvolvido. “Tem que levar em consideração como esse espaço é utilizado e por quem ele é utilizado. Na maioria das vezes, os bairros da periferia são ocupados antes da instalação chegar, a infraestrutura vem depois. E só depois que os moradores reivindicam asfalto, iluminação e até linha de ônibus, a iluminação está dentro de uma lógica empresarial de venda desse espaço urbano e a produção desse espaço”.