A igreja evangélica Bola de Neve Church atrai jovens que buscam por alternativas religiosas, com o uso de artifícios como uma prancha de surf no lugar do púlpito, cânticos que variam desde rock até reggae e pastores de roupas casuais, bonés e até mesmo tatuados.
O pastor Felipe de Paiva Nather, 30, explica que em Campo Grande apesar do culto ser para adultos, crianças e idosos, é a juventude que se destaca. “Por ter uma prancha de púlpito e a gente gostar de coisas radicais como andar de skate e jogar bola, isso chama a atenção”.
Segundo ele, prostitutas, dependentes químicos, moradores de rua e homossexuais são aceitos na igreja se quiserem mudar seus estilos de vida. “A gente também vai atrás de quem nunca ouviu falar de Jesus, vive uma vida muito louca e que quer mudar”.
A igreja fica localizada na avenida Calógeras e, de acordo com o pastor, o nome chama atenção dos que passam pela frente. “Esse nome é muito doido, então muitos vêm até aqui e querem saber o que é. Virou uma avalanche, literalmente uma bola de neve”.
Igreja foi criada e oficializada por surfista na década de 90
A instituição chegou a Campo Grande há pouco mais de dez meses e surgiu na década de 90, no litoral de São Paulo. De acordo com o pastor, a igreja, oficializada por um surfista, cresce a cada dia, tanto na capital quanto em outras cidades. “Hoje são mais de 500 mil pessoas no Brasil e em outros países. A única capital que ainda não tinha a Bola de Neve era Campo Grande”.
A proposta da Bola de Neve é diferente na questão estética e nos modos de pregação, os dogmas de uma igreja cristã permanecem. O sexo antes ou fora do casamento, por exemplo, é condenado e alguns estilos de música também são vetados dentro da igreja. Felipe Nather esclarece, “colocar axé ou funk para tocar não dá, né?”.
Um dos líderes, Ralrikir Requena Ozório, 33, dwstaca que muitos não levam a proposta a sério. “Acham que a Bola de Neve é liberal só porque tem gente com tatuagem e alargador, mas nós seguimos os preceitos bíblicos”.
De acordo com o professor de Antropologia da Religião da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Aparecido Francisco dos Reis, a Bola de Neve “está inserida nas igrejas chamadas neopentecostais, que são aquelas que fazem cultos festivos, cantam, falam alto e em línguas”.
O professor e pesquisador também acredita que a aparência inusitada da igreja é uma forma de marketing para atrair novos fiéis. Segundo ele, as igrejas funcionam na mesma lógica que o mercado, e com a Bola de Neve não é diferente. “Por não ser uma igreja tradicional, eles necessitam de uma forma de marketing para atingir um novo tipo de público, e às vezes, ter um produto original é fundamental para a igreja”.
Segundo o pesquisador, os mecanismos utilizados pela instituição para buscar novos adeptos estão voltados, em sua maioria, para os jovens. Francisco dos Reis comenta que a música e os esportes radicais são meios eficientes de chamar a atenção desse grupo. "Jogadores de futebol e celebridades são utilizados com a mesma finalidade”.
Na opinião do pastor Felipe Nather, a população juvenil precisa de cuidados específicos. “Você tem que estar com o jovem sempre, conversar muito; e quando os jovens são atraídos por esses cuidados, os sonhos que estão neles começam a fluir”.
A igreja nas redes sociais
Muitos chegam até o local por meio das redes sociais. O frequentador Leonardo Machado Mangieri, 20, contou que se interessou depois que conferiu o perfil no Facebook. “No começo achei que fosse como as outras, então eu pesquisei no Facebook e me identifiquei na hora”.
Criado há poucos meses, o perfil da Bola de Neve de Campo Grande atingiu quase cinco mil membros no Facebook. O pastor recorda que “muita gente não sabe onde estamos, mas o Face mostra a localização e eles chegam até nós por conta disso”.






