O Relatório de Atividades Policiais, divulgado no dia 7 de maio pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), aponta que o estado de Mato Grosso do Sul está mais seguro no primeiro quadrimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo o levantamento, houve redução dos crimes contra o patrimônio, principalmente roubos, com queda de 12% em relação a 2017. As informações estatísticas são baseadas nos boletins de ocorrência registrados e auxiliam a Superintendência de Inteligência da Sejusp na orientação de operações policiais em todos os municípios do estado. De outro lado, a população indica que houve um aumento na criminalidade, dissimulada pela ausência do registro das ocorrências.
Conforme os dados divulgados pela Sejusp, o feminicídio foi crime que teve maior aumento estatístico no estado, com 33%. Em segundo lugar, os roubos seguidos de morte apresentaram aumento de 20% em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, o registro de furtos aumentou 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com o balanço do Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo), de janeiro a abril deste ano, a Polícia Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (PMMS) realizou 4.154 operações. Neste período, 172.23 pessoas foram abordadas e 8.627 foram conduzidas para as delegacias.
Segundo o comandante-geral da PMMS, Coronel Waldir Acosta a prisão de pessoas foragidas é fundamental para a redução do índice de roubos. “Durante o policiamento ostensivo, essas pessoas foram identificadas e retiradas de circulação. Ao todo, prendemos, aproximadamente, 1.800 foragidos da justiça até o dia 20 de maio que, na maioria das vezes, saem dos presídios para cometer novos delitos nas cidades. Então, é um número muito grande de pessoas que retornaram aos presídios e, com isso, diminuímos o índice criminal. Em Campo Grande, por exemplo, essas identificações e prisões são otimizadas porque fizemos a divisão territorial da cidade. São sete divisões policiais de responsabilidade territorial, que proporciona um maior número de comandantes destacados junto com suas tropas no dia a dia e troca de informações”.

(Foto: Adrian Albuquerque)
Acosta afirma que a circulação de drogas pela região da fronteira com o Paraguai e a Bolívia é uma das principais causas da criminalidade e sensação de insegurança da população em Mato Grosso do Sul. “Nestes primeiros meses do ano, foram apreendidas mais de 52 toneladas de entorpecentes no estado e o tráfico de drogas é o principal motivo da violência na fronteira. Mato Grosso do Sul é um corredor de entorpecentes, mas a maior parte dessa droga não fica aqui, 80% vai para outros estados do país. O tráfico de drogas reflete muito na criminalidade de um local, intensifica a violência urbana. O impacto disso tudo é a sensação de insegurança, porque muitos grupos de traficantes são inimigos e essa rivalidade causa danos para a segurança pública, principalmente no que se refere a homicídios e assassinatos ocasionados pelo acerto de contas como, por exemplo, na região de Ponta Porã. Além disso, quando essa droga chega para consumo doméstico, aumenta o número de ocorrências de roubos e furtos”.
Para o secretário Municipal de Segurança e Defesa Social de Campo Grande (SESDES), Valério Azambuja um dos fatores que levaram à diminuição da criminalidade é a topografia plana da capital sul-mato-grossense, que favorece o patrulhamento das forças de segurança. “Não existe morros aqui, é praticamente uma cidade plana. Isso contribui para que não haja aquele grande aglomerado populacional como vemos no Rio de Janeiro e em São Paulo. A situação de moradia daquelas comunidades faz com que a população trabalhadora seja submetida a vários problemas de violência. Lá, o crime organizado se instala, o poder público quase não consegue intervir e os moradores sentem-se inseguros. Então, Campo Grande possui características favoráveis para que se combata a questão da violência de forma efetiva, com patrulhamento constante, presença do agente de segurança nas ruas”.
Azambuja ressalta que quando há estabelecimentos penais em áreas urbanas, a população do entorno costuma ter problemas de segurança. “A população carcerária que reside dentro desses presídios traz seus familiares para perto e esses podem ajudar no cometimento de crimes fora da prisão. Além disso, a política do sistema carcerário e do controle de violência em torno dos presídios está errada. Lá dentro não era para ter contato telefônico e outras formas de comunicação com pessoas fora do presídio, ou seja, ordenam crimes das suas próprias celas, chefiam organizações criminosas e colocam a sociedade do entorno em uma situação de grave insegurança, principalmente com o ocorrências de furtos e assaltos a mão armada pela cidade”.