O Batalhão de Polícia Militar de Trânsito de Mato Grosso do Sul (BPTran) autuou 405 condutores embriagados em 2013, em Campo Grande. O número equivale a mais de uma pessoa multada por dia durante todo o ano. Segundo o órgão, desse total, 242 pessoas foram encaminhadas para a delegacia por conter uma quantidade igual ou superior a 0.35 miligramas de álcool no sangue.
De acordo com o BPTran, o condutor que ingere bebida alcoólica comete infração de trânsito categorizada como alcoolemia, independente do seu estado de embriaguez. A pena para o condutor tem como critério a analise de bafômetro. O equipamento tem uma margem de erro de 0.04 miligramas no teste.
Existem duas categorias de punição para condutores que fazem o consumo de álcool, com base nos artigos 165 e 306 do Código de Trânsito Brasileiro.
A primeira categoria é do Artigo 165, que proíbe “dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência”. Nesse caso, se caracteriza como infração administrativa, com multa de R$ 1.915,40.
A segunda é com base no Artigo 306 que proíbe “conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência”. Quando o bafômetro indica valor igual ou superior a 0.35 miligramas, o motorista é autuado por crime com detenção, de seis meses a três anos, uma multa no mesmo valor e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
O condutor tem o direito de se recusar a realizar o bafômetro, mas o policial de trânsito tem a autoridade para encaminhá-lo a delegacia quando nota sinais de embriaguez.
A estratégia de fiscalização no trânsito da BPTran em Campo Grande é feita com base em estatísticas computadas mensalmente e denúncias da população feitas pelo número de telefone 190. De acordo com a BPTran, a atuação é mais dinâmica e permite operações em locais que apresentem maior quantidade de infrações. Os horários que acontecem as fiscalizações são aleatórios e dependem de ocorrências no trânsito.
Vítima do álcool
O estudante Éder Túlio Pereira Bezerra, 23, foi vitima de um acidente de trânsito no dia 10 de novembro de 2011, provocado pelo consumo alheio de bebida alcoólica. Éder Bezerra retornava de um velório, quando um indivíduo alcoolizado entrou na contramão com um automóvel e o atingiu. “Foi constatado no bafômetro, que a pessoa que me atropelou tinha feito o consumo excessivo de álcool. A carteira de habilitação foi retida, o carro foi apreendido e o indivíduo foi encaminhado a delegacia. No entanto, o condutor realizou o pagamento de uma fiança e foi liberado”.
O estudante foi submetido a 30 cirurgias durante os 40 dias que ficou na Unidade de Tratamento Intensivo da Santa Casa de Campo Grande, recebeu 18 bolsas de sangue e teve sérios problemas de funcionamento nos rins. Ao recobrar a consciência, ele notou que perdeu sua perna esquerda. “Os médicos não podiam me contar por causa da minha pressão. No dia em que percebi a amputação, eu surtei. Dormi uma semana amarrado e falei que minha vida tinha acabado”.
Após o acidente, Bezerra encontrou motivação no esporte. “Sempre estive envolvido com esportes. Encontrei na paracanoagem uma identificação muito forte, pois desde pequeno gosto de água". O estudante pratica a modalidade há um ano e meio. “Obtive a minha primeira medalha no Pantanal Extremo de 2013 quando conquistei o 4º lugar e depois fiquei com o 5º lugar na Descida de corredeira do Rio de Janeiro. Atualmente, sou o 5º do ranking brasileiro de velocidade”.
Efeitos psicológicos do álcool
A microempresária Sandra da Costa Lopes Quadros, 45, frequenta pelo menos uma vez na semana, ambientes de música sertaneja que envolvam álcool. Familiarizada com esse tipo de ambiente, ela considera o consumo exagerado. “Existe mudança de comportamento e perfil, a autoestima aumenta e as pessoas se tornam mais espontâneas. É possível notar quem bebeu excessivamente”.
Para Sandra da Costa Lopes Quadros, a oferta de bebida é grande. "O consumo é alto principalmente por grupos maiores, onde o destilado se destaca. Não existe controle. Algumas pessoas exageram tanto no consumo do álcool, que se tornam vulgares”.
A psicóloga Inara Barbosa Leão, 55, define o álcool como um indutor de relações sociais que funciona como marcador de status em alguns ambientes. “O consumo é algo que se torna necessário. Não que dependa da nossa vontade, mas sim pela necessidade de enquadramento social. É uma forma de ostentação”. A psicóloga explica ainda que o álcool promove dois efeitos simultâneos, o euforizante e o depressivo, que se manifestam de maneiras aleatórias nos organismos.
Inara Barbosa relata que a música, a iluminação do espaço e as cores das bebidas podem induzir o indivíduo ao consumo. “A música tem um efeito visceral que altera a forma de percepção do indivíduo no ambiente. A iluminação pode induzir o consumo de bebidas por cores e contrastes, e não propriamente pelo sabor. Essas combinações se tornam possíveis pelo efeito desinibidor que o álcool provoca. A bebida alcoólica altera o comportamento, o perfil e a personalidade das pessoas”.






