CIDADE

Funcionários são explorados no comércio da capital

Trabalhadores têm direitos trabalhistas desrespeitados por meio de salários pagos indevidamente, agressões físicas e assédio moral

Camila Vilar, Daiana Porto, Giovana Silveira 9/08/2016 - 00h09
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Funcionários do comércio de Campo Grande são privados dos direitos trabalhistas e assediados moralmente. Segundo informação do diretor do Sindicato dos Empregados do Comércio de Campo Grande (SECCG), André Luiz Garcia desde janeiro deste ano realizaram mais de 8.300 atendimentos. Além disto, receberam 350 denúncias via WhatsApp contra comerciantes. Contratos irregulares, ambiente insalubre e impossibilidade de descansos de 15 minutos após quatro horas trabalhadas, como estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), são situações frequentes. 

A vendedora Milena Machado de Souza, 34, atualmente desempregada, foi impedida de beber água e ir ao banheiro durante o expediente, sofreu assédio moral e agressão física após reivindicar seu pagamento depois de um mês de trabalho em uma loja de moda de preços populares na capital. “As únicas que recebiam o salário certo, eram as quatro funcionárias que já são mais antigas. O primeiro mês ela paga R$ 30 reais e a gente começava a receber o salário a partir do segundo mês, se eu não quisesse eu podia ir embora. Na hora que eu peguei a minha bolsa para ir embora, ela me prensou na parede e ficou me empurrando. Eu pedi ajuda para as outras meninas, virou uma confusão na loja". A trabalhadora registrou um boletim de ocorrência após a agressão e entrou com um processo trabalhista contra a loja.

O piso salarial para empregados no comércio é de R$ 1.005,00, de acordo com o ajuste da cláusula terceira da Convenção Coletiva do Trabalho de 2015 e 2016 estabelecida pela Federação do Comércio do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS) e a Federação dos Empregados no Comércio e Serviços do Estado de Mato Grosso do Sul (Fetracom-MS). O salário mensal proposto pela antiga chefe da vendedora é incompatível com o valor do salário mínimo diário de R$ 29,33.

A babá, Meire Hellen, 20, é uma das integrantes do processo trabalhista contra a loja, também foi vítima de assédio psicológico durante seu período como vendedora. “Eu mesma sofri muito preconceito lá, porque eu sou negra, e ela [proprietária da loja] vivia me xingado. As vezes a gente chegava e perguntava para  ela qual o horário do almoço e ela olhava assim pra mim e falava: ‘não, por você ser negra você vai comer banana’, falava desse jeito.”

Segundo um dos diretores do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande (SECCG), André Luiz Garcia (46), para a denúncia ser concretizada é preciso de provas e testemunhas. “Precisamos juntar as provas e convencer um juiz, mas conseguir testemunhas é muito difícil e é o mais importante para conseguir ganhar a causa. Algumas ficam constrangidas de denunciar, tem umas que não se abalam, mas algumas sim.”

Denúncia

O diretor do Sindicato dos Empregados do Comércio de Campo Grande (SECCG) ressalta que funcionários, ao se sentirem explorados ou assediados de alguma forma, são aconselhados a recorrer ao Sindicato, que buscará uma reconciliação com os empregadores. 

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