QUEIMADAS

Campo Grande registra queda de 43,67% em incêndios durante primeiro trimestre de 2021

Município ocupa a 20ª posição no levantamento que aponta focos de queimadas em Mato Grosso do Sul

Giovanni Dorival, Gustavo Bonotto e Letícia Monteiro 8/05/2021 - 17h00
Compartilhe:

Campo Grande registrou 365 focos de incêndio no primeiro trimestre de 2021, de acordo com relatório divulgado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS).  No mesmo período, 648 casos foram notificados em 2020, o que representa uma redução de 43,67%. A capital se localiza na 20ª posição entre os 79 municípios do estado no relatório 'Programa Queimadas' que aponta focos de queimadas na América Latina, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Luis Eduardo Costa afirma que 1.208 notificações ocorreram entre o período de 1º de janeiro a 26 de março em Campo Grande. "Após a denúncia, feita pelo aplicativo 'Fala Cidadão', a guarda civil é notificada e faz a fiscalização no local. O proprietário então é multado de acordo com o Código de Polícia Administrativa do Município, Lei nº2909, Artigo 18-A, e a multa nestes casos, pode variar de R$2.478,50 a R$9.914,00".

Imagem1

Para a médica pneumologista Amanda Alves pacientes dos grupos de risco merecem atenção nesta fase do ano.  "As queimadas ocasionam um aumento de poluição no ar, bem como a diminuição da umidade. A baixa umidade e as partículas de poluentes agridem as mucosas do corpo e, além disso, diminuem a qualidade do ar respirado. Muitas pessoas acabam procurando atendimento médico em pronto socorro devido às consequências da estiagem".

Amanda Alves afirma que a demanda por atendimento aos pacientes com doenças respiratórias é maior durante a pandemia. "A prevenção é sempre o melhor caminho. Umidifique o ambiente de trabalho, mantenha as mucosas hidratadas. Caso tenha animais de estimação, dê banho no seu animal de estimação uma vez por semana. A limpeza é importante."

De acordo com a estudante do curso de Engenharia Ambiental, Fernanda Vicente, de 29 anos, as queimadas são um problema recorrente na Vila Oeste, em Campo Grande. "Tenho muitos ataques de bronquite asmática nesse período, e isso desencadeia crises moderadas de rinite, sinusite e coriza. Agora que estamos na transição da estação, por exemplo, é diário o meu ataque de rinite. Isso me sufoca, provoca tosse, me deixa com o peito bem carregado e chega a atacar a minha bronquite. Essa onda de calor misturada à seca sempre me faz mal. Com o aumento no número de focos, isso tem prejudicado minha rotina".

A estudante utiliza o umidificador de ar diariamenteA estudante utiliza o umidificador de ar diariamente (Foto: Maythe Vicente)

Fernanda Vicente faz acompanhamento médico e tenta amenizar as crises respiratórias com técnicas e ferramentas prescritas. "O que mais uso atualmente é o umidificador, que já fica ligado no meu quarto e eu só reabasteço. Já tive casos que precisei usar por 24 horas seguidas, por conta da baixa umidade. Tento não usar soros nasais e inalação, pois são medicamentos emergenciais, e que podem causar um vício".

Cecília Gonçalves, de 61 anos, afirma que as queimadas são um dos problemas frequentes em seu bairro, o Nova Lima. "Por não contar com asfalto, minha rua tem muitos terrenos baldios ainda, e as pessoas começam a jogar as coisas neles. Chega uma hora que o proprietário queima para tentar enganar a fiscalização e isso causa crises não só em mim, mas todos que vivem na região".

Campo Grande iniciou o mês de maio na categoria emergencial após registrar 20% de umidade relativa do ar. O nível está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 60 e 80%. De acordo com o estudo 'Monitor de Secas', da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), 4% do território de Mato Grosso do Sul entrou na faixa de seca extrema e 57% com severidade moderada, entre fevereiro e março. 

Para o meteorologista Natalio Abrahão, as condições do clima para a cidade são caracterizadas pela chegada do outono e diminuição das chuvas a partir de abril, com queda no número de trovoadas e rajadas de ventos. "O mês de maio será caracterizado pela estiagem. A seca será muito significativa com índices de umidade muito baixos, e predominantemente sem chuvas."

O retorno das tempestades ocorrerá no mês de junho com a transição de estações. Segundo Natalio Abrahão, alguns pontos da região central de Mato Grosso do Sul terão rajadas moderadas ou abaixo da média esperada. "Este fenômeno resulta na queda da umidade relativa, que nessa época do ano chegam abaixo dos 35% e em torno dos 45% nas regiões Sudeste, Sul e Sudoeste. Isso causa oscilações e amplitude térmica, uma diferença entre as temperaturas máxima e mínima".

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também