O valor da tarifa do transporte público de Campo Grande está entre as cinco maiores das capitais brasileiras. Neste mês, a Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (AGEREG) realizou um levantamento que indicou um reajuste de cerca de 9% na tarifa, mais de 30 centavos de aumento. O preço é determinado a partir dos gastos que a concessionária tem para oferecer o serviço como, por exemplo, o combustível e a manutenção dos veículos e impostos. O valor para 2017 não foi estabelecido pela Prefeitura Municipal de Campo Grande (PMCG).
São Paulo e Rio de Janeiro lideram a lista com as passagens a R$ 3,80. Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia com R$ 3,70 e em terceiro lugar a tarifa de R$ 3,60 de Cuiabá. O passe do transporte coletivo na capital de Mato Grosso do Sul custa R$ 3,25. Segundo o coordenador do Fórum de Trabalhadores e Usuários do Transporte Coletivo de Campo Grande, Haroldo Martins Borralho, o problema do transporte público na cidade vai além das condições físicas dos veículos. "A primeira coisa que tem que ser resolvida para começar a mudar a situação é a questão das faixas e corredores de ônibus. Segundo, é preciso de pontos adequados e confortáveis e iluminação nas vias, porque a insegurança também é um fator”.
De acordo com dados da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (AGETRAN), a gratuidade tem impacto no valor final da tarifa. Idosos, estudantes, deficientes com ou sem acompanhante, acompanhantes de cadeirantes, líderes de bairro ou integrantes do clube de mães têm direito à isenção, que correspondem a 25% do total de passageiros. Os maiores grupos são formados por idosos, com 50.484 isenções, e pelos 49.276 estudantes, que possuem o benefício.
Para o professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Dr. Ângelo Arruda, o passe estudantil gratuito é um benefício utilizado erroneamente. “O poder público não subsidia para as pessoas poderem viajar, ele tira do preço total da tarifa e altera o preço para quem é trabalhador”.
Insatisfação coletiva
Segundo dados da AGETRAN, mais de 215 mil pessoas utilizam as 180 linhas de ônibus disponíveis em Campo Grande todos os dias. A média é de 412 passageiros por veículo e a principal queixa dos usuários é a superlotação.
O estudante Lucas Henrique, 21, afirma que o atraso e a precariedade são os problemas mais frequentes do transporte. Além disso, o estudante ressalta que falta acessibilidade tanto para os cadeirantes, que sofrem com o mau funcionamento dos elevadores, quanto para as pessoas obesas, que têm dificuldade de passar nas catracas ou se acomodar nos assentos. “A catraca e os assentos são pequenos, e essas pessoas muitas vezes passam por constrangimentos por causa disso”.
Para o eletricista Benedito Duarte Santos, 62, a frota reduzida prolonga o tempo de espera no ponto. “Fico de 20 minutos a meia hora esperando e aí os ônibus passam todos juntos. Eu comprei um carro por causa disso. Cansei de gastar R$ 50 por semana com ônibus, agora gasto isso com combustível e ando tranquilo”.
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