TRÂNSITO

Velocidade alta provoca acidentes graves e aumenta número de óbitos em Campo Grande

Seguradora Líder, responsável pelo DPVAT, registrou 2.052 ocorrências de acidentes de trânsito no ano de 2017

Caio Teruel, Marcos Saucedo e Mylena Fraiha15/11/2018 - 21h02
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Campo Grande está na oitava posição entre as capitais do país com os maiores números em acidentes de trânsito, segundo dados disponibilizados pela seguradora Líder, administradora do seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT). O boletim mostra que na capital 2.052 ocorrências de acidentes foram registradas em 2017. Levantamento realizado pela seguradora no período de janeiro a outubro deste contabilizou 488 indenizações por morte e 4.498 indenizados por invalidez permanente em todo o estado devido à violência no trânsito.

Segundo a chefe da Divisão de Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta houve um aumento no número de casos de acidentes graves na cidade. De acordo com ela, um dos motivos do aumento nos registros é a velocidade dos condutores nas vias. “O que aumentou foi a gravidade, consequentemente os acidentes graves aumentaram e os óbitos em 2018 também teve esse aumento, ou seja, o fator de risco se torna a gravidade. Gravidade está relacionado com velocidade, quando o condutor fica internado mais de 24 horas é considerado acidente grave, se foi internado e morre dentro de 30 dias é acidente fatal, quem determina esse monitoramento é a organização mundial de saúde, já o acidente leve que o condutor se machucou, foi para uma upa ou  posto de saude e saiu em menos de 24 horas aí é acidente leve”.

O boletim da Seguradora Líder aponta que os motociclistas estão entre os mais envolvidos nos acidentes de trânsito da capital. Ivanise Rotta afirma que esses condutores estão no grupo de vítimas por causa da vulnerabilidade a que estão expostos. “O motociclista é o que mais se acidenta, está sempre no grupo de vítimas, pela vulnerabilidade, na verdade o motociclista é um pedestre voador, os condutores campo grandenses morre porque corre. Quando eu assumo um volante e ando mais de 50 km/h a probabilidade de eu me acidentar gravemente em caso de batida ela chega a 90% de chances”.

Segundo o subcomandante do Batalhão de Trânsito de Mato Grosso do Sul (BPTran), Willian Silva do Nascimento o alto índice de acidentes está diretamente ligado à falta de atenção e inabilidade dos motoristas. “As pesquisas mostram que o fator humano é responsável por 90% dos acidentes. As causas de acidente hoje são o excesso de velocidade, a falta de atenção, a falta de perícia do condutor e a não-habilitação, fazendo com que os números aumentem. Obviamente que isso tudo aliado ao aumento da frota e a infraestrutura, são questões que estão ligadas ao número de acidentes de trânsito". Nascimento ressalta que a circulação de motoristas sem habilitação é um dos fatores que agravam a situação do trânsito campo-grandense. “A gente flagra muitos condutores não-habilitados. São condutores que por vezes desconhecem a legislação, porque não possuem o conhecimento adequado”.

Para o subcomandante, a melhor solução para a redução do número de acidentes é a fiscalização do trânsito aliada à conduta consciente dos condutores. “É importante frisar que os acidentes ocorrem em vias sinalizadas. As principais vias de acidente de trânsito na capital, como a avenida Afonso Pena, Guaicurus e Duque de Caxias, são vias devidamente sinalizadas. Como sinalização semafórica, radares, mas que infelizmente estão entre as principais vias de Campo Grande com maior número de acidentes. Isso se deve ao comportamento do condutor, que deve ser mudado. O condutor tem que entender que ele é responsável por ele no trânsito e pela vida de terceiros”.

Educação de trânsito

A necessidade de uma educação de trânsito efetiva é um dos fatores que contribuem para o alto número de acidentes em Campo Grande, que, em muitos casos, é falha por se manter somente no aprendizado da auto-escola. De acordo com o diretor de Ensino de Trânsito, Nataliseu Azevedo os hábitos inadequados atrapalham a formação dos condutores quando erros comuns na condução de veículos são mais aceitos que os procedimentos corretos. "A gente, como instituição de ensino, tenta atingir as metas de segurança por meio dos procedimentos dados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran), mas a população precisa se conscientizar. E isso só ocorre através de divulgação e educação. Não tem que ficar só na auto-escola”. Para ele, o aluno de 18 anos possui consciência formada sobre maneiras aparentemente corretas de dirigir e agir no trânsito e isso atrapalha no aprendizado.

Azevedo defende a educação como solução à violência no trânsito (Foto: Mylena Fraiha)

Para Azevedo, falta educação de trânsito direcionada às crianças por meio das escolas ou políticas públicas. Segundo o diretor de Ensino, quando essa educação ocorre as chances de se ter um motorista mais responsável aumentam. “A única falha que eu vejo é ainda na educação desde criança. Não que não exista, mas ela tem que ser mais frequente, até a formação dele quando já estiver jovem. Isso acarreta em uma educação contínua para um trânsito que está sempre em transformação por meio das leis e das mudanças físicas das cidades".

O proprietário de Auto-Escola, Natalise Azevedo garante que a burocracia imposta pelo órgãos de trânsito ajudam a manter o aluno em sala de aula. Ele explica que a resolução 358, instituída em 2010, trata diretamente do trabalho da auto-escola no que diz respeito à questão da estrutura física e também da estrutura curricular. "São exames psicológicos, médicos, depois vem o curso teórico que agora é filmado e a presença é computada por meio da digital, ou seja, obrigatoriamente a pessoa tem que assistir as aulas, querendo ou não”.

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