A campanha de natal Papai Noel dos Correios começou no dia 19 de novembro em Mato Grosso do Sul. Nos últimos três anos foram recebidas mais de 2,6 milhões de cartas de crianças em situação de vulnerabilidade social. Os Correios estabeleceram, desde 2010, parcerias com escolas públicas e instituições, como creches, abrigos, orfanatos e núcleos socioeducativos, para desenvolver ações que promovam a habilidade de redigir cartas, o endereçamento correto e o uso do Código de Endereçamento Postal (Cep).
De acordo com a coordenadora da campanha há 20 anos, Olga Torres, do interior do estado foram recebidas 12.781 cartas e 8.417 foram atendidas até agora. Na capital 5.780 de 7.298 cartas foram adotadas. Entre escolas e Centros de Educação Infantil (Ceinfs) de Mato Grosso do Sul, 83 lugares firmaram parceria com os Correios neste ano. Segundo a coordenadora, os presentes mais pedidos entre as crianças são bonecas e carrinhos.

Segundo Olga Torres, os Correios realizam parceria com escolas localizadas em regiões de vulnerabilidade social e o objetivo é atender o maior número de regiões da cidade. “Entre julho e agosto, entramos em contato com as secretarias de educação e pedimos que selecionem escolas que estejam em regiões carentes da cidade ou que possuam público carente, que não tenham participado há pelo menos há dois ou três anos anteriores, para possibilitar que mais escolas participem do projeto”.
O voluntário da campanha há três anos, Weiner Bondarczuk explica que os funcionários dos Correios adotam cartas todos os anos. Ele relata que as crianças criam uma expectativa no final do ano e a campanha é um meio de ajudar a sociedade. “Nós recebemos uma cartinha no ano passado que a criança pediu um abraço, uma coisa tão simples de ser pedida”.

A médica Camila Monteiro Sartes adotou cinco cartas neste natal e estava em busca de outros pedidos para familiares e amigos. “Eu acho muito triste. Os pais não tem condições de dar um presente e a criança escreve uma cartinha para o papai noel, chega o natal e o papai noel não mandou nada. É interessante se todo mundo puder apadrinhar uma criança, já ajuda bastante”. A comerciante Suzana Maria Camargues apadrinhou um pedido em 2017 e este ano trouxe o filho para escolher uma carta. “Só de ler as cartinhas vai batendo a emoção, dá vontade de adotar várias”.
O professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Manoel Rebelo Júnior afirma que o Brasil está em uma época de distribuição de renda desigual e ações de caridade surgem como medidas pontuais para manter a concentração dos recursos. “Geralmente quem recebe são pessoas pobres que tendem a ser despolitizadas. Aparece mais como ‘olha eu sou uma pessoa boa’, mas isso é uma política do fruto de concentração de renda que se pretende manter para concentrar cada vez mais a renda”.
As cartas para o Papai Noel estão disponíveis para adoção até o dia 7 de dezembro e os presentes serão recebidos até o dia 11 de dezembro na agência central dos Correios.