As lojas do centro de Campo Grande utilizam as semanas de ofertas da campanha Black Friday para estenderem as promoções até o final do ano. A estratégia é para recuperar a queda nas vendas com as obras do Programa Reviva Centro. A expectativa é que o comércio varejista aumentará o desconto nos produtos devido as obras da 14 de julho.
O consultor de estratégia da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Josué Sanches afirma que o varejo deixa de oferecer as mesmas condições de oferta no período de Black Friday, porque a redução dos preços é feita pelos fornecedores. "É a indústria que está criando aquela condição para que chegue até o cliente através do varejista. Ao invés das empresas darem um grande desconto, devem oferecer um segundo benefício, agregar valor e bonificar o cliente de forma que ele perceba que aquilo é uma grande oportunidade".
Sanches afirma que a vantagem do comércio varejista é a possibilidade de visualização do produto pelo cliente. "Produtos duráveis, as pessoas já querem retirar pro fim do ano. Então o frete e a distância pode ser um diferencial competitivo e sair um pouco na frente das lojas online se a loja física tiver o produto a pronta entrega".

(Foto: Danielle Matos)
Para Sanches, as obras do Programa Reviva Centro têm pouco impacto na abertura das vendas para o período de Natal, que começa com a Black Friday. "Na próxima semana o calendário de obras do centro deve paralisar e liberar as ruas até a segunda quinzena de janeiro, então as pessoas podem vir comprar". Ele ressalta que quem deseja comprar durante as promoções consegue maior desconto por causa das obras. "Em função das obras, as lojas estarão com condições muito especiais querendo aproveitar pra tirar o atraso do período que prejudicaram algumas quadras".
Para evitar a black 'fraude'
A advogada e presidente da Comissão de Direitos e Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Janine Delgado afirma que a Black Friday oferece maior facilidade de compra para o consumidor em relação a outras épocas do ano. "A Black Friday é uma excelente oportunidade de comprar produtos e serviços com descontos acima do normal. Os direitos para o consumidor existem em qualquer época do ano, no entanto na Black Friday, devido ao aumento de anúncios e de ofertas de produtos e serviços, o consumidor pode ter seus direitos violados, motivo pelo qual é preciso redobrar a atenção e reclamar eventual desrespeito desses direitos".
Janine Delgado explica que o consumidor deve ficar atento para eventuais defeitos nas mercadorias no período da Black Friday. "De acordo com o código de defesa do consumidor, caso o produto apresente defeito que comprometa o seu uso, a loja ou o fabricante devem reparar a falha em até 30 dias. Se o conserto não acontecer nesse prazo, o consumidor poderá escolher entre três opções. Poderá exigir a troca do produto por um novo em perfeitas condições de uso, devolução integral da quantia paga devidamente atualizada, ou o abatimento proporcional do preço".
Segundo Janine Delgado, o intenso fluxo de vendas nos últimos meses do ano, em lojas físicas ou virtuais, torna os prazos de entrega um problema. "Além de não informar quantos produtos possuem em estoque, algumas lojas deixam os consumidores sem saber quando vão recebê-lo. Caso a compra seja feita em loja física, o consumidor pode solicitar que o vendedor anote a data no comprovante ou na nota fiscal. Se a compra for feita na internet, o consumidor pode tirar uma foto da tela do computador ou do celular, para guardar a informação e assim poder cobrar o fornecedor caso o prazo seja descumprido".
A Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul (Procon-MS) instalou uma unidade móvel entre as ruas Barão do Rio Branco e 14 de julho para atender as denúncias realizadas na Black Friday. O superintendente estadual do Procon-MS, Marcelo Salomão explica que o trabalho realizado foi de antecipação dos direitos do consumidor. “Nós queríamos orientar os consumidores com informativos para que eles tivessem informação prévia e ostensiva, para que eles não caíssem em fraude como ocorreu no ano passado”.
Segundo Salomão, existem muitas reclamações nas lojas físicas de Campo Grande. O setor com maior número de ocorrências é o de telefonia. "Nós temos vários problemas, só ano passado em Campo Grande recebemos 600 reclamações de não cumprimento de oferta ou problemas de produtos que não foram substituidos".