A Orla Ferroviária, inaugurada em 2012 na gestão do ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, deixou de ser frequentada pela população. A falta de segurança, investimentos em atividades culturais e manutenção da infraestutura local levaram aos recentes casos de vandalismo, furtos e dependentes químicos na região, que se estende da Avenida Mato Grosso até a Avenida Afonso Pena. No início do mês, um vagão localizado na Rua Barão do Rio Branco foi incendiado, servia como moradia para uma pessoa em situação de rua.

A coordenadora de eventos artísticos na capital, Mara Rojas organiza saraus na Orla Ferroviária com o objetivo de fomentar a cultura e a preservação histórica do local. Para os eventos, Mara Rojas solicitava apoio da prefeitura, na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal, para providenciar banheiros químicos, equipamentos de som e segurança local. "A guarda municipal, na época, fez abordagens sistemáticas durante um período, tanto que pegaram várias armas e apreenderam drogas. Pensamos que a visibilidade do Estação Urbana faria a prefeitura agilizar um projeto de revitalização no local, mas não aconteceu. Então não tínhamos estrutura para continuar. Se tivesse iluminação e todos os vagões ocupados, o espaço seria melhor aproveitado e não ficaria ocioso e nem expostos a serem utilizados pela população em situação de rua. Foi um investimento caro e mal aproveitado”.
Para o músico e ex-coordenador de eventos do Estação Urbana, Nando Mantoni o abandono local mostra a fragilidade dos investimentos culturais em Campo Grande.
Segundo a coordenadora de evento, Mara Rojas, o abandono dos vagões também foi um dos motivos para o afastamento do público.“Os vagões possuem responsáveis e a concessão é cara, mas a prefeitura não deu assistência e respaldo para que outros vagões fossem abertos. Se a prefeitura assumisse os vagões de volta e fizesse uma nova concessão talvez aquele espaço poderia ser melhor aproveitado. Senão vai ficar sendo um ponto de usuários e um lugar marginalizado, pois se a população não pode ocupar por causa da burocracia é ocupada por usuários pq está abandonado. Não faltaram pessoas perguntando de como conseguir um vagão para algum projeto, mas a prefeitura não pronunciava”.

De acordo com o produtor cultural, músico e organizador de eventos culturais na Orla Ferroviária e na Plataforma Cultural, Rodrigo Castejon conhecido como General R3, o local deve ser mantido como forma de preservação histórica da identidade cultural da capital.
A produtora cultural independente Suzamar Rodrigues organiza eventos em lugare públicos, como a Orla Ferroviária. Para Suzamar, ocupar esses espaços públicos é uma forma de inserir arte e cultura na cidade. A Orla é um local onde grupos considerados marginalizados, como os de movimentos relacionados ao hip hop e ao skate, dos quais Suzamar faz parte, podem ter espaço para organizar eventos de uma maneira mais fácil e acessível.