ASILO

Faltam vagas nos asilos de Campo Grande

Sem asilo público na capital, as instituições filantrópicas estão lotadas e fila de espera aumenta

Mylena Rocha, Nayla Brisoti e Thayná Oliveira 1/08/2016 - 22h11
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Os lares de idosos de Campo Grande estão com lista de espera por causa dos problemas estruturais, como oferta de leitos e equipamentos, além de dificuldades financeiras. As Instituições de Longa Permanência (ILPI), ou asilos como são conhecidas, têm falta de funcionários, medicamentos e produtos para a manutenção diária. Na capital existem três instituições filantrópicas, o Recanto São João Bosco, a Associação dos Amigos da Casa de Abraão e a Sociedade de Integração Reabilitação Pessoa Humana (SIRPHA Lar de Idosos).

Campo Grande possui 18 asilos privados e nenhum asilo público, e instituições filantrópicas que cumprem a função social de receber e cuidar de idosos que estão em situações de risco ou que não possuem família, além daqueles que têm familiares sem condições de colocá-los em uma casa particular. Por serem filantrópicas elas não são mantidas pelo poder público, a ajuda é feita por meio de convênio com a prefeitura, que cede funcionários. Para completar a receita das instituições, elas arrecadam doações da sociedade e os idosos devem ceder 70% de sua renda, muitas vezes de um salário mínimo, e os outros 30% são destinados ao uso pessoal. As três instituições têm parceria com a Secretária de Assistência Social (SAS) e há uma quantidade de idosos que devem receber.

O Recanto São João Bosco é o lar para idosos que está em pior situação. Com 92 anos de existência e 89 idosos, a maior instituição de longa permanência de Campo Grande está com uma dívida de três milhões de reais relacionada a direitos trabalhistas, tem folhas de pagamento atrasadas, e em dezembro de 2015 foram demitidos 52 funcionários. O asilo tem capacidade para 110 idosos.

O estado de saúde dos idosos é classificado por seus graus de dependência. O São João Bosco tem muitos de seus moradores com grau III, ou seja, que necessitam de assistência em todas as atividades cotidianas ou têm comprometimento cognitivo. A instituição funciona como uma clínica, possui atendimento médico no próprio local, dois médicos são cedidos pela prefeitura e o outros são voluntários. Contam também com uma psicóloga e fonoaudióloga voluntárias e ainda falta uma fisioterapeuta. O presidente da instituição, Gersino José dos anjos afirma que a intenção é buscar recursos para atender  idosos. “O apelo que a gente faz, estamos fazendo, procurando os poderes públicos a voltarem os seus olhos para essa instituição que tá deixando de ser asilo pra ser um hospital, uma instituição mista. Isso dificulta, aumenta o custo, o custo por idoso”.

O Lar para Idosos SIRPHA abriga 80 idosos de grau I, II e III, mas possui capacidade para 70. Não há médicos e os idosos são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Lar possui duas assistentes sociais, uma psicóloga, nutricionista,  fisioterapeuta,  enfermeira, musicoterapeuta, técnicos de enfermagem e cuidadores.  Segundo a assistente social Natália Rocha a instituição conseguiu administrar as finanças e "não correu risco de ser fechada".

  SIRPHA abriga mais que a capacidade (Foto: Thayná Oliveira)

A Casa de Abraão quase fechou no ano passado. Com 21 idosos, a maioria é de grau I e apenas uma exceção é de grau III. A presidente do lar, Edméa Almeida Couto, explica que o local não funciona como um asilo comum devido a muitos de seus moradores serem mais independentes, não há uma estrutura para atendimentos médicos.

  Casa de Abraão atende idosos de grau I (Foto: Thayná Oliveira)

“Aqui é grau um. É uma moradia. Nós não somos clínica. Nós não temos que ter enfermeiro, etc. Não temos, mas nós cuidamos disso. Então nós temos os cuidadores que são cedidos, a gente seleciona por aqui e a gente faz a contratação”. Apenas em caso de emergência recorrem a uma empresa de ambulâncias particulares. A instituição enfrenta dificuldades para encontrar voluntários e não há dinheiro para pagar mais contratados.

A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o estado de Mato Grosso do Sul é que, em 2020, cerca de 12,58%  da população seja formada por pessoas com mais de 60 anos. De acordo com a promotora da 44º Promotoria do Idoso, Cristiane Barreto, o envelhecimento da população demanda investimentos em políticas públicas voltadas para esse grupo.

Segundo a promotora, devido o aumento da população mais velha, deveria haver uma maior atenção às instituições que abrigam idosos. Seria necessário um asilo público para cobrir o déficit que a capital apresenta e receber aqueles que estão na fila e esperam por vagas.

Serviço

Grau de dependência do idoso:

a) Grau de Dependência I - idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de auto-ajuda;

b) Grau de Dependência II - idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada;

c) Grau de Dependência III - idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento cognitivo.

(Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Ministério da Saúde)

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