DESEMPREGO

Servidores públicos terceirizados serão demitidos até janeiro de 2017

Funcionários contratados pela OMEP e Seleta trabalham em diversos setores da prefeitura

Mylena Rocha, Nayla Brisoti e Thayná Oliveira 8/08/2016 - 22h56
Compartilhe:

Os funcionários contratados por meio de convênio com a prefeitura e as instituições filantrópicas Organização Mundial para Educação Pré-Escolar (OMEP) e Sociedade Caritativa e Humanitária (Seleta) serão demitidos até janeiro do próximo ano. Segundo informações do advogado da OMEP, Laudson Ortiz a estimativa é de que 4.300 funcionários sejam demitidos até 31 de janeiro de 2017. De acordo com a chefe da Superintendência de Comunicação Social da prefeitura, Marcia Scherer, a expectativa é de que 1.500 profissionais sejam dispensados até dezembro deste ano. 

 

A recomendação provém de um processo aberto pelo Ministério Público Estadual (MPE), devido a irregularidades nas contratações e serviço. As demissões começaram em março e estão na  terceira fase. Consta no processo, disponível na página do MPE na internet, irregularidades como a terceirização de funcionários para atividades-fim, trabalhadores fantasmas e outros que ganhavam acima da tabela de salário dos trabalhadores. O presidente da Seleta, Gilbraz Marques da Silva, diz que as falhas existiam. “Praticamente todas as irregularidades vêm de lá por que ao longo do tempo, quando ela [Prefeitura] pede pra contratar um marceneiro, um serralheiro, a Seleta simplesmente pergunta uma coisa: qual o salário, onde e função. Nós não discutimos por que nós sabemos como a política funciona e a respeito disso nós sempre tivemos muita precaução pra poder tratar com esse pessoal.”

 

O advogado da OMEP, Laudson Ortiz, diz que a entidade não tinha controle sobre os funcionários e que apenas tratava de aspectos legais, como contratação e pagamento. De acordo com o advogado e com o presidente, todos os funcionários eram indicados pela prefeitura, e que sem um ofício, não tinham poder de contratar ou demitir. Segundo Marcia Scherer, o principal problema é decorrente da terceirização ilegal, pois muitos dos funcionários deveriam ser contratados apenas por concurso público. 

 

Ortiz e Silva afirmam que a responsabilidade pelas irregularidades é da prefeitura, mas assumem que os contratos firmados em 1997 eram temporários e se estenderam por tempo demais. Segundo o advogado, a parceria foi estabelecida porque havia uma necessidade de pessoas para trabalhar em Centros de Educação Infantil (CEINFs) recém criados e a OMEP tinha profissionais qualificados para isso. A princípio, o fim do convênio seria apenas para a educação, mas surgiram demandas para contratação de outros funcionários, como assistentes sociais e advogados, atividade considerada ilegal pela Constituição.

 

A Seleta realiza trabalhos de qualificação de jovens carentes, o presidente afirma que a parceria com a prefeitura tinha como objetivo inserir jovens no mercado de trabalho. Com o tempo, se tornou uma terceirização de funcionários que estavam em falta em vários setores da prefeitura.



O maior número de funcionários a serem demitidos são da área da educação, assim os CEINFs podem passar por dificuldades, de acordo com o advogado da OMEP. “Hoje os CEINFs atendem um número x de crianças, não tendo esses funcionários nos CEINFs vai afetar no mínimo a qualidade de atendimento, por exemplo, se eu tinha duas professoras pra quarenta crianças, é capaz de ficar com um professora pra 40 crianças, ou seja, a qualidade vai afetar diretamente”. 



A chefe da Superintendência de Comunicação Social da prefeitura afirma que não ocorrerá déficit nos atendimentos relacionados aos funcionários demitidos e que as contratações por concurso conseguirão cobrir as demissões. Segundo ela, não haverá um reaproveitamento desses funcionários, pois os concursos na área da educação e saúde aconteceram no primeiro semestre de 2016.  


O motorista Rogério Pinheiro dos Santos foi contratado pela Seleta para prestar serviços ao município. Ele afirma que foi demitido em junho deste ano pela prefeitura, passou pelo exame de demissão, e que continua contratado e recebe salário pela Seleta, mesmo sem trabalhar. “A Seleta diz que o dinheiro que a prefeitura mandou pra ela, não dá pra pagar a quantidade de funcionários que era das demissões e mandou os funcionários trabalhar de novo, só que a prefeitura não tá aceitando a gente trabalhar”. Segundo ele, esta situação o prejudica e o impede de conseguir outro emprego, é necessário que a demissão seja efetivada na carteira de trabalho para que ele possa se candidatar a outro. Rogério alega que seu reajuste não foi acertado e que pode deixar de receber o salário a qualquer momento.

 

As demissões também afetam a OMEP e Seleta. O presidente da Seleta firma que haverá redução do número de funcionários, uma queda de 80%. Segundo o advogado, sem a parceria com a prefeitura, a OMEP deixa de receber a taxa de administração que ajuda a manter os projetos sociais oferecidos pela instituição. A entidade tem projetos com crianças e funciona como uma creche, com o fim do convênio, haverá um corte de gastos e cerca de 300 crianças podem ficar sem atendimento.

Compartilhe:

Deixe seu Comentário

Leia Também