ENERGIA

Mato Grosso do Sul tem 60% de sua energia proveniente de fontes renováveis

As hidrelétricas lideram na produção de energia limpa com 41%, seguidas pela queima de resíduos dos produtos da cana de açúcar com 19%

Marcelle Marques, Lucas Silva, Karina Cantiere 9/04/2018 - 13h35
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Mato Grosso do Sul tem 60% de sua energia proveniente de fontes renováveis, segundo  o último documento Matrizes Energéticas Naturais, divulgado em 2016 pelo Ministério de Minas e Energia (MME). As hidrelétricas lideram na produção de energia limpa com 41%, seguidas pela queima dos resíduos dos produtos da cana-de-açúcar (bagaço, caldo de cana e melaço) com 19%. O estudo também divulgou os números das fontes de energia não renováveis, que são responsáveis por 40% do total, o gás natural ficou com 28% enquanto outras fontes bioenergéticas (lenha, carvão vegetal, resíduos de madeira, entre outros) ficaram com 12%.

Energia limpa refere-se àquela fonte de energia que não lança poluentes na atmosfera e que apresenta impactos ambientais somente no local da instalação da usina. As principais fontes de energia limpa são as hidrelétricas, a eólica, solar, maremotriz, geotérmica e os biocombustíveis (etanol, biogás, biodiesel, entre outros).

O engenheiro ambiental Fernando Garayo afirma que a geografia do estado é propícia para energia limpa e energia renovável. "O estado do Mato Grosso do Sul tem diversos córregos e rios. Temos as bacias do rio Paraná e do rio Paraguai, então temos disponibilidade hídrica que permite que sejam instaladas pequenas centrais hidrelétricas, as chamadas PCHs. E todo esse conjunto de pequenas centrais hidrelétricas proporciona uma energia limpa muito importante para o nosso estado”.

O estado do Mato Grosso do Sul tem sua economia baseada na agropecuária. Segundo Fernando Garayo, a emissão de metano dos excrementos decompostos dos animais e os gases oriundos do desmatamento são os maiores emissores de carbono. Fernando Garayo ressalta que há maneiras para os latifundiários diminuírem o impacto ambiental que causam.


Para o engenheiro civil e coordenador científico do Laboratório de Eficiência Energética e Hidráulica em Saneamento (Lenhs) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fábio Veríssimo, o foco no agronegócio, aliado à escassez de indústrias poluentes como metalurgia e construção são responsáveis pela alta porcentagem de nossa energia de fontes renováveis, especialmente a biomassa e o etanol, oriundos da cana de açúcar.
 

A bióloga Alexandra Pinho e doutora em Engenharia Agrícola e Ambiental afirma que a energia limpa proporciona benefícios para o clima e a economia.  "A energia limpa torna o ecossistema muito mais saudável, mais preservado. Com o ambiente preservado, a gente consegue ter clima melhor, amenizar as temperaturas, ter maior potencialidade dos ciclos hidrológicos, maior absorção de água e isso mantém as florestas preservadas, que é a ideia precursora da energia limpa. Quanto mais a gente preservar o estado para utilizar energia limpa, mais o estado terá potencialidade agrícola e assim manter sua preservação ambiental e isso pode ser uma grande carta na manga para o estado ter vantagens econômicas, porque é um estado que produz energia, produz agricultura e consegue com isso preservar a sua biodiversidade, a sua natureza e o seu meio ambiente". 

Segundo o engenheiro civil Fábio Veríssimo, a economia do estado poderia ser estimulada se houvesse maior investimento na geração de energia limpa. "Dispomos de grandes áreas verdes abertas, sem ocupação. Também temos um grau de insolação muito grande durante o ano. Vento nem tanto, que seria interessante para a prática de turbinas eólicas, mas pelo menos a solar, a gente poderia ter várias usinas na região e não só consumir essa energia aqui no estado e região, garantindo a produção limpa de energia, mas transformando isso em commodities, vendendo energia para outros estados, ou seja, aumentando a riqueza do estado com tecnologia. Com certeza seria uma das melhores coisas que poderiam acontecer para o estado, essa poderia ser a indústria, um investimento até razoável, mas que poderia gerar lucro, não só financeiro, como social e ambiental para todo o estado”

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