CAPOEIRA INCLUSIVA

Grupo de Capoeira desenvolve projeto para portadores de deficiência

Atividade promove a autoestima e a inclusão social

Alessandra Marimon e Kiohara Schwaab13/10/2014 - 15h49
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O Instituto Sul Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas (Ismac) de Campo Grande e o Grupo Abadá Capoeira desenvolvem há aproximadamente nove anos o projeto Capoeira Inclusiva, idealizado pelo professor Josimar Araújo, que insere pessoas com algum tipo de deficiência ao universo dessa arte com o uso de instrumentos de percussão como berimbau e atabaque, músicas regionais, treinamentos corporais e vocais.

De acordo com o professor de capoeira do grupo Abadá, Josimar Araújo, por meio de atividades relacionadas à capoeira, os alunos do projeto aprimoram desde o condicionamento motor até o convívio social. “Relaciono as aulas principalmente com orientação, mobilidade e noções corporais". A música também ajuda no trabalho, que dura aproximadamente uma hora e meia. “As canções de capoeira têm relação com nosso dia-a-dia e cultura”.

O instrutor afirma que Mato Grosso do Sul é pioneiro nessa modalidade, como relata no livro “Capoeira Inclusiva – De mãos dadas e sem se olharem” que  proporcionou à Josimar Araújo que expandisse a ideia para outros lugares. “Estive em janeiro em Israel para lançar o livro. Agora implantamos em outros municípios, além de outros estados e até mesmo em países como Alemanha e Israel”. Ele lembra que o livro é a primeira obra relacionada ao tema publicada em Mato Grosso do Sul.

O capoeirista desenvolve práticas de Capoeira Inclusiva há mais de nove anos e realizou ações em instituições como a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Escola Juliano Varella. “Foi amor à primeira vista, de ambas as partes. Fiquei entusiasmado com as reações positivas das pessoas e percebi que começava a ter efeito".

Segundo Josimar Araújo, a capoeira incentiva seus praticantes em muitos aspectos da vida. “A capoeira permite que a pessoa com deficiência visual participe da construção da sociedade, não só como mero participante, mas também como protagonista”. A atividade, segundo ele, oferece o desenvolvimento das emoções, interação e comunicação, expressão corporal e o conhecimento de si mesmo e do outro. “É um trabalho completo”.

O artesão e massoterapeuta Deuclides de Oliveira Rocha, 77, perdeu a visão quando ainda era jovem. Ele está há nove anos no projeto e afirma que participou de outros eventos em comemoração às crianças. "A gente sente a alegria delas e também ficamos felizes". Antes da capoeira, Deuclides Rocha sofria com a falta de equilíbrio. “Tropeçava muito, mas hoje em dia tenho mais agilidade e firmeza no andar". Além disso, a capoeira aumentou a autoestima dele. “Faço brincadeiras com os colegas, me sinto muito mais alegre”.

A dona de casa Adelaide Cândida da Silva Negrão, 60, tem deficiência visual desde os oito anos de idade e participa do projeto Capoeira Inclusiva há cinco anos. “A capoeira foi muito útil para mim, porque sempre admirei as músicas. Antes tinha dificuldades em me comunicar com outras pessoas, mas agora não". Como exemplo de superação, Adelaide Negrão terminou recentemente um curso de pedagogia. “Com certeza a atividade me ajudou nesse processo”.

Serviço

Nos dias 24, 25 e 26 de outubro o grupo Abadá-Capoeira promoverá o Festival Nacional Arte Capoeira Inclusiva, que incluirá rodas de capoeira, mesa redonda, oficinas e cursos de Capoeira Inclusiva, além da apresentação do livro “Capoeira Inclusiva – De mãos dadas e sem se olharem”. O evento acontece no Armazém Cultural, localizado na avenida Calógeras, 3065, no centro de Campo Grande.

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